Liturgia e Homilias | III Domingo da Páscoa A 2020
Destaque

Este é terceiro domingo da Páscoa, como de Páscoa são todos os domingos. E Jesus Ressuscitado continua hoje a vir ao nosso encontro, no primeiro dia da semana – o domingo – para ser a nossa luz na escuridão dos tempos, a nossa paz no meio dos medos, a nossa companhia em casa e à mesa, na solidão do confinamento. Ele oferece-Se-nos como o verdadeiro Caminho da Vida.

Homilia no III Domingo da Páscoa A 2020

 

1.Em poucas palavras, o Papa Francisco escreve e descreve a “vocação”. São elas: “fadiga, gratidão, coragem e louvor”. O Papa tem como cenário da sua reflexão o episódio da tempestade acalmada (Mt 14,22-33). Ora, o abalo da barca agitada pela tempestade, o medo desesperado de Pedro perante o sucedido, a Palavra de confiança de Jesus, encontram eco semelhante, neste belíssimo relato de uma caminhada, ao final da tarde, naquele primeiro Domingo de Páscoa.

2. O que aconteceu? Qualquer um de nós sabe dizer de cor o Evangelho. Dois dos discípulos de Jesus caminhavam atordoados, desiludidos, desnorteados, afadigados, traumatizados, sem saber o que fazer das suas vidas, deixando Jerusalém e o grupo dos Doze, fugindo para longe de todas as tribulações. E, aqui mesmo, no meio de uma discussão acesa, Jesus mete-Se à conversa, não já sobre as águas agitadas do mar, mas sobre os passos perdidos dos discípulos, no caminho de Emaús. Jesus coloca-Se no meio deles, faz caminho com eles e faz-Se Caminho para eles. E Jesus está disponível para ouvir os seus desabafos, para os deixar contar, de viva voz, a sua história. E, pouco a pouco, passando por diversos textos das Escrituras, Jesus vai-os ajudando a perceber o sentido de tudo o que estava a acontecer. O sofrimento do Messias era preciso e precioso. Mas a última palavra é a Ressurreição. E ela cumpriu-se, como estava escrito. Aquecidos por aquela Palavra luminosa, que lhes ardia no coração, os dois não quiseram deixar partir o Hóspede sem O acolher em sua casa. E Ele entrou, pôs-Se à mesa com eles. E num gesto familiar – o da Última Ceia, o do partir do Pão – abriu-lhes os olhos e eles reconheceram-n’O, como se nascessem de novo. E, desde então, perderam o medo que os levara à demissão. Voltaram a Jerusalém, regressaram à comunidade e contaram tudo. Retomam a missão.

3. Podemos encontrar por aqui as tais palavras da vocação, que eu resumiria em três: fadiga, coragem e gratidão.

3.1. Fadiga.Quem não conhece a fadiga destes dias de confinamento, que nos atingiram como um trauma? Quem não experimenta a solidão, que torna pesado o coração? Quem não sente, no percurso da sua vida, o risco da monotonia que, pouco a pouco, apaga o fogo ardente da vocação? Quem não sente o fardo pesado da incerteza e da precariedade destes tempos, o medo do futuro? Esta fadiga atinge a todos e agora sobretudo os profissionais de saúde, que lutam contra esta pandemia até à exaustão. Esta fadiga da vida, da vocação e da missão, deve fazer-nos caminhar de mãos dadas com o Senhor. Ele estende-nos a Sua mão para nos salvar, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de desistir e afundar; Ele dá-nos o ardor necessário para vivermos com alegria e entusiasmo!

3.2. Coragem.O futuro exige a coragem de mudar de rota, de inverter o caminho, de não querer voltar ao antigamente, como os discípulos a caminho de Emaús. Frequentemente aquilo que nos impede de caminhar, de crescer, de escolher o caminho que o Senhor traça para nós, são os fantasmas que ensombram os nossos corações. O fantasma mais comum é o de pensarmos que foi um erro a nossa escolha, que foi um erro seguir Jesus. Ora, seguir Jesus exige coragem. Então, quando somos lentos de espírito, diante das dúvidas e dificuldades, deixemos Jesus sussurrar ao nosso coração: «Não tenhas medo! Eu estou contigo».

3.3. Por fim, a gratidão e o louvor. À volta da mesa, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-O e entregou-lho. É o gesto da gratidão, da vida toda oferecida, como um sacrifício de louvor. É a Eucaristia, a nossa mais bela oração de ação de graças. Neste encontro, renova-se a graça da vocação e recebe-se nova força para a missão. O louvor é, por isso, o melhor antidepressivo, porque nos liberta da tristeza, do desencanto e do lamento. Por isso, os discípulos contaram e nós hoje também devemos contar tudo o que o Senhor fez por nós. Contemos e cantemos!

Santo Agostinho diria: “Canta (conta) e caminha”, para enfrentares com coragem a fadiga e fazeres da tua vida uma “Eucaristia”, um hino de louvor ao Senhor.

 

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Ver no nosso site Materiais para a Semana das Vocações 2020

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