Liturgia e Homilias no IV Domingo de Páscoa C 2019
Destaque

Este é o IV Domingo da Páscoa. E a Liturgia da Palavra, neste Dia Mundial das Vocações, faz-nos entrar no mistério da morte e da ressurreição do Senhor, através de duas belas figuras: a figura corajosa do Bom Pastor, que arrisca toda a Sua vida para nos salvar, isto é, para nos ter e manter a salvo nas mãos bondosas do Pai. E a doce figura do manso Cordeiro, que Se oferece silenciosamente ao Pai por nós. O Cordeiro imolado e de pé é a imagem de Cristo morto e ressuscitado por nós. Assim, Jesus Cristo, nosso Cordeiro e Pastor, desafia-nos a ter a coragem de arriscar tudo, pela promessa de Deus. Neste dia, unimo-nos em oração pedindo ao Senhor que nos faça descobrir o seu projeto de amor para a nossa vida e que nos dê a coragem de arriscar no caminho que Ele, desde sempre, pensou para nós.

Homilia no IV Domingo da Páscoa C 2019

1. Um par de corajosos faz frente aos judeus poderosos e não recua na missão de anunciar a todos a Palavra de Deus. Paulo e Barnabé desviam a rota, deixando de lado os judeus e meia dúzia de senhoras piedosas, voltando-se definitivamente para os gentios. No meio da perseguição mantêm a mesma firmeza e perseverança. E, no meio das tribulações, os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. Se é assim nos princípios da missão, em terra dura, qual não será, por fim, a sorte dos eleitos, lá no Céu? São João oferece-nos, no Apocalipse, a visão de uma multidão imensa e incontável, sem muros nem fronteiras, que canta um hino de vitória, diante do Cordeiro, imolado e de pé, imagem de Cristo, morto e ressuscitado por nós! Diante do Cordeiro, está de pé uma multidão de homens e mulheres corajosos. Destinados à vida eterna, abraçaram a fé e arriscaram toda a sua vida. São os que conheceram a rejeição, a exclusão, a hostilidade, a perseguição até à morte. São os que lavaram as suas vestes no Sangue do Cordeiro. É a multidão dos mártires, dos perseguidos, dos que tiveram a coragem de arriscar e deixar tudo, para seguir o Senhor e se consagrar completamente a Ele!

2. Irmãos e irmãs: não convém pensarmos que se trata aqui de corajosas figuras do passado, de que se guardou registo para memória futura. Porque esta perseguição, esta grande tribulação, continua hoje, em pleno século XXI. Segundo dados recentes, em 2018 foram mortos, por ódio à fé cristã, 4305 fiéis, à razão de aproximadamente uma dúzia por dia; foram detidos, também por aversão à sua religião, 3125 cristãos. E 1847 igrejas e outros edifícios cristãos foram destruídos, incendiados ou vandalizados. Desde 2015 já foram assassinados, por ódio à fé, pelo menos 19 mil cristãos em todo o mundo: só em 2016, foram mortos mais de 7000 crentes em Jesus Cristo. Os cristãos em geral e, em particular, os católicos, sofrem na atualidade uma das piores perseguições da sua bimilenária história. E porque é que esta realidade nos tem passado ao lado? Porque há́ cada vez mais provas de uma cortina de indiferença por trás da qual as comunidades religiosas vulneráveis sofrem, sendo a sua luta ignorada em grande parte do Ocidente. Aos olhos dos governos e da comunicação social ocidentais, a liberdade religiosa está a cair nos rankings de prioridades dos direitos humanos; é qualquer coisa que não interessa. A boa parte da comunicação social interessam mais as questões de género, de sexualidade e etnia, do que esta sangria feita aos cristãos e a outros crentes. A maioria dos governos ocidentais falhou em dar a assistência necessária urgente aos grupos religiosos minoritários, em especial às comunidades deslocadas que desejam regressar a casa.

3. Entre nós, esta perseguição é mais subtil, há uma espécie de apostasia silenciosa, uma certa negação de Deus, sem lugar na nossa vida pessoal e sem direito de cidadania nas nossas causas públicas. Caímos facilmente na tentação de uma vida acomodada, sem arroj0, sem altura, de preferência com tudo claro ou garantido, sem risco, sem compromisso, caindo numa espécie de «cansaço da esperança».Ora, o desejo de Deus é que a nossa vida não se torne prisioneira do banal, não se deixe arrastar por inércia, nos hábitos de todos os dias, nem permaneça inerte perante aquelas opções que lhe poderiam dar significado. O Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia a dia, pensando que afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se apaixonadamente e apagando a inquietação interior de procurar novas rotas para a nossa navegação.

4. Neste Dia Mundial das Vocações, nas vésperas do dia 13 de maio, olhemos para Maria para vencermos o medo e termos a coragem de arriscar tudo, como Ela, sem outra garantia senão a de saber que é portadora de uma Promessa. Não tenhamos medo de nada! Aconteça o que acontecer, estamos a salvo nas mãos do Pai, como uma criança no colo de sua Mãe. E a Mãe de todos e a mãe de cada um pode ensinar-nos o que é ter a coragem de arriscar tudo pela Promessa de Deus!

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