Homilia no III Domingo do Advento C 2018
1. O Presépio, lugar de encontro para todos! Neste domingo da alegria, podíamos dizê-lo em modo festivo: “O Presépio, lugar da alegria para todos”, porque na verdade é para todos a Boa Nova que ressoa desde a noite de Natal (cf. Lc 2,10-11). Talvez alguém conteste este otimismo irritante, para dizer que não há Natal para todos, sobretudo para aqueles que são vítimas dos devastadores cenários de guerra, que vivem num mundo cheio de conflitos laborais e sociais, que têm histórias de vida que só conhecem a miséria, a fome, a perseguição, o sofrimento, a morte e o luto. Todavia, o que lemos do Natal nos Evangelhos é um anúncio da alegria, cheia de luz e de paz para todos. É a alegria que os profetas anunciavam a partir desta certeza: Deus está no meio de nós! Por isso, esta alegria não é um intervalo de ilusão, uma emoção da época. Neste sentido, São Paulo exortava-nos a viver esta alegria, não como uma trégua natalícia, mas como «alegria no Senhor» (Fl 4,4), que não desaparecerá com a desmontagem do Presépio. É uma alegria para todos e para todo o sempre!
2. Obviamente, esta alegria “não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras” (EG 6). “Há momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir esta alegria sobrenatural” (GE 125), “que se adapta e transforma, que permanece sempre, pelo menos como um feixe de luz que brota da certeza pessoal de sermos infinitamente amados” (cf. EG 6). Nos momentos obscuros, deixemos que esta alegria da fé comece a despertar, como uma secreta, mas firme confiança” (EG 6)no amor do Senhor, que nos salva. Não é, por certo, a alegria do divertimento, do prazer, da distração, máscara do desespero, nem “a alegria consumista e individualista, que atravanca o coração”(GE 128), mas a alegria sem cessar, que brota do encontro com o Senhor.
3. Que teremos então de fazer, para conhecer esta alegria? João Batista deixa-nos três pistas: a alegria do dom, a alegria do perdão e a alegria da mansidão.
3.1.A alegria do dom: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma e quem tiver mantimentos faça o mesmo” (Lc 3,11). Façamo-lo, dando mais do que o supérfluo, pois dar do que sobra deixa intacta a nossa vida. Demos mais, dêmo-nos mais e, sobretudo, dêmo-nos a nós mesmos, pois “há mais alegria em dar do que em receber» (At 20,35). E «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9,7). Ao contrário, «quem só pensa nas suas próprias necessidades, condena-se a viver com pouca alegria» (cf. AL110). Felizes os pobres de coração!
3.2.A alegria do perdão: “Não exijais nada além do que vos foi prescrito”(Lc 3,13). Isto pode significar não exigir tanto dos outros, como se os outros nos devessem sempre algo mais. Não percamos a oportunidade natalícia de oferecer e de receber o perdão, de o receber de Deus para o dar porventura a quem não merece, mas dele mais precisa! Felizes os misericordiosos!
3.3.A alegria da mansidão: “Não pratiqueis violência com ninguém”(Lc 3,14). Não deixemos que o stress doNatal comercial nos torne agressivos, impacientes, intolerantes. “Quando olhamos para os limites e defeitos dos outros, com ternura e mansidão, sem nos sentirmos superiores, podemos dar-lhes uma mão e evitamos gastar energias em lamentações inúteis”(GE 72)! Felizes os mansos, os que reagem com humilde mansidão, respondendo ao mal com o bem!
Irmãos e irmãs: temos pouco mais de uma semana e um dia, para percorrer os caminhos do dom, do perdão e da mansidão, com que faremos do nosso coração o tal Presépio, lugar da alegria para todos!