HOMILIANO XXVI DOMINGO COMUM B 2018
“Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta
e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles” (Nm 11,29).
1.A verdade é que este belo desejo, expresso por Moisés, tornou-se já realidade, em todos nós. “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário. Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do seu grau de instrução, é um sujeito ativo de evangelização. Por isso, a nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados” (EG 120).
2.A renovação missionária da Igreja não se fará, só porque temos o Papa Francisco a surpreender-nos e a desassossegar-nos todos os dias. A missão da Igreja, na minha terra (cf. EG 273), não estará garantida, simplesmente à custa do empenho generoso mas solitário do pároco. A evangelização, hoje, não terá como protagonistas os bispos, os monges ou os frades. A época atual terá como protagonistas da missão todos os fiéis batizados, e sobretudo os fiéis leigos, que são a grande maioria dos membros do povo de Deus. Os malefícios causados pelo clericalismo, que anula e manipula o papel dos leigos, estão a dizer-nos que a renovação missionária da Igreja contará sobretudo com a força profética das bases, isto é, com a missão dos fiéis leigos.
3.E os leigos poderão assumir tal missão? Por que não?! “Se uma pessoa experimentou o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-l’O, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus. Não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários»” (EG 120).
4.Queridos irmãos e irmãs: não há suplentes, nem reformados, não há excluídos, nem dispensados, no campo da missão. Ela diz respeito a todos os batizados, de todas as idades e condições. Quem dera que todos (avós, pais, filhos, crianças e jovens) profetizassem, não tanto por falarem muito acerca de Deus, mas por deixarem Deus falar, através de uma vida santa, bela e simples, que irradie a todos a alegria do Evangelho. Quem dera que todos assumissem a sua própria vida como missão! Quem dera que todos fizessem ressoar lá fora a alegria deste encontro com Cristo, na Eucaristia, e a contagiassem a todos os que estão para além do adro, nas vossas famílias, nas ruas e praças da nossa terra, nos ambientes escolares, políticos ou desportivos, no vasto mundo do sofrimento, do desporto, das redes digitais e sociais. É lá que é preciso estar. Não tanto para levar Cristo, mas para O desvendar, oculto mas realmente já ativo e presente na vida de cada pessoa (cf. EG 71; Ef 4,6).
5.Irmãos e irmãs: neste ano cheio de missão, estamos todos convocados segundo o lema “Todos discípulos missionários”. Quem dera que “todo o nosso ano pastoral fosse atravessado pela atitude geral e dominante do «amigo traz amigo», ou «todos à procura de mais um». Assim, por exemplo, um aluno de Educação Moral e Religiosa Católica deveria colocar como objetivo que um colega, não inscrito, passasse a inscrever-se; uma criança ou adolescente que anda na catequese, fizesse o mesmo com um amigo que não frequenta; que um jovem da pastoral universitária ou do grupo de jovens da paróquia «conquistasse» um companheiro mais «afastado» dessas coisas; que uma família «adotasse» outra família para lhe difundir a mensagem cristã, particularmente entre alguma que saiba estar em dificuldades de relacionamento ou que já se fraturou; etc.” (Dom Manuel Linda, PDP 2018/2019, n.º 8)…
É desta que vai? Vamos lá. “Todos. Tudo e sempre em missão” (CEP, Nota para o ano missionário)! Por que esperamos nós (EG 120)?!