Homilia no X Domingo Comum B 2018
1.“Querido, mudei a casa” é nome de um programa televisivo! De repente, alguém chega à sua própria casa e encontra-a irreconhecível, depois de um processo surpreendente de transformação! Eu creio que Jesus podia ter dito a mesma coisa à Sua querida Mãe e aos Seus queridos irmãos, que mais não são do que os Seus parentes próximos: “Queridos, mudei a casa”. Na verdade, a casa de Simão Pedro e de André, onde Jesus chegara com os discípulos, está irreconhecível. E não só ela, mas até o seu hóspede principal, o próprio Jesus, não parece o mesmo. D’Ele se diz que “está fora de Si” (Mc 3,21). Na verdade, a casa mudou como da água para o vinho: a velha casa, a antiga família, assente na terra e nos laços de sangue, fica fora e de pé! A nova família de Jesus, assente no Céu e nos laços da fé, fica dentro e sentada a escutar a palavra de Jesus, para aprender a fazer a vontade de Deus!
2.“Querido, mudei a casa”, podia ser a surpresa, às portas do verão, ao marido, à esposa, aos filhos, se de repente deixássemos Jesus entrar na nossa casa, ocupar o Seu lugar principal, tornar-Se o hóspede invisível, e nós, os Seus discípulos, nos sentássemos à Sua volta, para escutar a Sua Palavra e saborear a alegria da Sua presença! Deste modo, a nossa casa tornar-se-ia a casa de Pedro, isto é, a casa da pequenina igreja e a nossa família cresceria como igreja doméstica. Nem imaginaremos quanto Jesus pode transformar a nossa casa se O deixarmos entrar e ocupar, por exemplo, o lugar da televisão ou do computador! Ui… nem faremos ideia de tal transformação! Seria “como da água para o vinho”!
3.“Querido, mudei a casa”, era o que eu gostava de poder dizer a Jesus, a respeito desta casa onde nos encontramos agora. Não estou a falar das obras! Estou a falar de uma Paróquia que deixa de ser “posto de abastecimento” ou “repartição de serviços religiosos” ou “condomínio fechado” e se torna uma verdadeira “família de famílias”, uma casa hospitaleira, de portas abertas! Para isso é preciso olharmos para esta casa como a nossa casa e darmos uma dimensão mais familiar à organização da própria comunidade, ao trato afetuoso entre nós, ao acolhimento pessoal e cordial dos que chegam de longe e de fora, às relações fraternas entre pessoas e grupos da paróquia, de modo que todos, a começar pelos últimos, se sintam aqui como em sua própria casa! E esta casa se torne a casa da nova família de Jesus.
4.Para fazer da nossa família uma pequena igreja e desta Igreja uma grande família, precisamos de reavivar o vínculo entre as famílias e a comunidade cristã. E há um tempo e um lugar indispensáveis para isto mesmo, que são o da Eucaristia dominical, sacramento da nova aliança. A Eucaristia é uma reunião de famílias, da grande família de Jesus! Como é possível reforçar os laços de uma família de sangue sem a alegria de uma mesa comum? Como é possível fazer da comunidade paroquial uma família de famílias, sem esta mesa ou com tantos lugares vazios à nossa mesa?
5.Queridas famílias: não é só a Igreja que se manifesta, alimenta e cresce como grande família, à volta da Eucaristia. É também a família de cada um de vós que cresce como igreja doméstica, sempre que participa nesta mesa. Por isso, “Jesus bate à porta da família, para partilhar com ela a Ceia Eucarística” (AL 318).
Peço-vos hoje, com insistência: Mudai todos os domingos da vossa casa para esta casa. E deste modo mudareis a vossa casa… e mudareis a nossa casa! Nos ritmos acelerados do nosso tempo ou nos ritmos mais pausados do verão, guardai e não percais o dia do Senhor! Ele é como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa fome e a nossa sede do amor infinito do Senhor.
“Que a família assim nutrida, seja um dia reunida aos convivas lá do céu” (Sequência Corpus Christi)!
Homilia - Tópicos – Entrega do Decálogo e das Bem-Aventuranças 2018
1. Adão e Eva representam a humanidade que, desde o princípio, olha para Deus como um concorrente, um inimigo da sua liberdade; e, por isso, confunde as Suas palavras de amor, as Suas regras de vida, vendo-as apenas como proibições restritivas, às quais apetece desobedecer! Ora, Deus não desiste de nos guiar no caminho da liberdade. O Decálogo é uma dádiva, um guia de “trânsito”, uma espécie de carta de condução, para caminhar no amor. Somos chamados a cumprir a vontade de Deus. Ela foi expressa claramente no Decálogo.
2.No Evangelho, os familiares de Jesus dizem que Ele “está fora de Si”. Que diriam depois de ouvir as oito bem-aventuranças? Elas não são apenas uma poesia bonita; elas estão em contracorrente ao que é habitual (Gaudete et exsultate– GE, 65)e, por isso, são oito loucuras de Jesus, para uma felicidade diversa daquela que o mundo nos promete.
3. Nós, que ouvimos a Palavra de Deus e a pomos em prática, não somos uma turma, uma classe, somos “a família de Jesus”, família divina, unida pelos laços da fé, da esperança e da caridade.
4. Ao celebrarmos o 100.º aniversário da nossa Paróquia, peçamos ao Senhor que esta comunidade se torne uma verdadeira família de famílias. Serve-nos de exemplo luminoso Maria, a Mãe de Jesus, que escutou e cumpriu a Palavra de Deus e, por isso, Se tornou a primeira discípula a seguir o seu Filho. Ela é a mais bem-aventurada de todas as mulheres, porque acreditou.
Que Maria, Nossa Senhora da Hora, nos ajude, todos os dias, a fazer desta nossa «Paróquia e(m) família, casa de comunhão»!