Liturgia e Homilias na Solenidade do Corpus Christi B 2018
Destaque

Esta é uma quinta-feira muito especial, para celebrarmos a memória agradecida do dom da Eucaristia, naquela outra quinta-feira, de feliz e santa memória. A gratidão por este dom do Corpo entregue e do Sangue derramado por nós comove-nos na amizade do Senhor e move-nos ao compromisso de uma vida oferecida pelos outros, até à última gota de sangue!

Homilia na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo B 2018

Façamos um pacto de sangue!

 

1.Um pacto de sangue! É com sangue aspergido sobre as doze pedras do altar de Deus e sobre as doze tribos do Seu Povo, que Moisés sela o compromisso da antiga Lei, posto por escrito no Livro da Aliança. O selo desta aliança, mediada por Moisés, no monte Sinai tem, por isso, a cor do sangue das vítimas então oferecidas em sacrifício. É um compromisso irrenunciável e irrevogável! Mas a história mostrará que só Deus permanecerá fiel. Será preciso um outro pacto, com sangue novo, para uma nova aliança, a selar o mandamento novo do amor!

 

2.É, na verdade, com o Seu próprio Sangue, que Jesus dá pleno cumprimento a este pacto, a esta nova aliança de amor entre o Senhor e o Seu Povo. Naquela última Ceia, comemorativa da Páscoa judaica, Jesus surpreende os seus discípulos com uma Ceia nova, um verdadeiro “pacto de sangue” entre Ele e os seus amigos! E fá-lo, não já com o Sangue do cordeiro pascal, nem com o sangue de cabritos ou novilhos, mas com o Seu próprio Sangue (cf. Hb 9,11-15), pelo qual Ele Se oferece, sem contrapartidas, e alcança para todos a redenção e o perdão dos pecados.

 

3.Vede, irmãos e irmãs, a amizade de Jesus pelos seus discípulos não podia acabar ali, ao chegar a Hora da sua passagem, deste mundo para o Pai. Por isso, Jesus envolve os seus mais íntimos amigos; pede-lhes que preparem “um jantar de gala”, para inaugurar, à mesa da Ceia, o memorial da nova Páscoa! A partir daquela Ceia, e naqueles doze discípulos, somos todos convidados a entrar na Sua amizade, a participar da Sua própria Vida e a celebrá-la em cada Eucaristia. No pão partido e no cálice oferecido, Jesus faz-nos entrar, na amizade da comunhão com Ele, até ao ponto de nos deixar comungar e participar da Sua própria vida. Por isso, desde a Páscoa de Jesus e até que Ele venha na sua glória (cf. 1 Cor 11, 26), nós celebramos na Eucaristia esta amizade; por ela, entramos nesta comunhão de vida, alma e sangue em mim, com o Senhor, para receber da Sua própria vida e a dar aos outros.

 

4.Este “pacto de sangue” não é metáfora nem poesia, para tantos cristãos, que correspondem à oferta da vida de Jesus, arriscando e dando a Sua vida por Ele. Quantos mártires do nosso tempo não vão até ao sangue no seu amor à Eucaristia? Para ir à Missa, atravessam a rua entre esquadrões da morte, reúnem-se em assembleias clandestinas, sujeitam-se à carnificina e à implosão das bombas. Mas não renunciam por nada à Eucaristia. Recordo o bispo vietnamita, Van Thuan, preso durante 13 anos e proibido de celebrar a Eucaristia. Ele pedia aos guardas da prisão “um pouco de xarope como remédio para curar as dores de estômago”, mas o frasco enviado pelos amigos trazia um pouco de vinho. E ele, todos os dias, para resistir à tortura mental, já no limite da loucura, “com três gotas de vinho e uma de água na palma da mão celebrava a missa”. Que belo altar e que bela catedral!

 

5.Irmãos e irmãs:  é tão doloroso verificarmos, entre nós, a ausência ingrata e vulgar, a participação intermitente e inconsciente na Eucaristia Dominical! Esta Quinta-feira do Corpo de Deus reforce em nós a memória viva e agradecida deste grande dom, que é a Eucaristia. Por isso, faço-vos uma proposta concreta: “que a participação na Eucaristia seja verdadeiramente, para cada um, o coração do domingo: um compromisso irrenunciável, abraçado não só para obedecer a um preceito, mas como necessidade para uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente” (São João Paulo II, NMI, 36). Façamos hoje, com o Senhor, este pacto de sangue: “não faltarei à Eucaristia, custe o que custar. Não porque me mandam. Não porque me apeteça. Não porque o mereça. Mas porque Ele me ama e eu preciso da Sua graça, para pôr em prática o mandamento do amor”. Só assim poderemos testemunhar juntos o infinito amor do Senhor e a sua eterna aliança, com o dom da nossa própria vida, oferecida pelos outros, até à última gota de sangue!

 

Homilia na Festa da Eucaristia - Corpo de Deus B 2018

 

  1. Estamos a celebrar a Festa da Primeira Comunhão. Pela primeira vez, depois do Batismo, ides receber Jesus e Jesus vai receber-vos, através da comunhão do seu Pão na Eucaristia e assim fazemos um verdadeiro “pacto de sangue”, um acordo de amigos, corpo a corpo, sangue a sangue, coração a coração.
  2. E como se trata realmente de um grande acontecimento, vós convidastes algumas pessoas, que vos são familiares, convidastes os amigos, mais próximas, a quem quereis agradecer ou mostrar a vossa amizade.
  3. Pois bem. Jesus também quis celebrar a grande festa do seu tempo, que era a Páscoa. Mas queria fazer uma surpresa. Queria que essa Festa, a última que Ele ia celebrar com os seus mais íntimos amigos, fosse diferente de todas as outras. Mandou então fazer os preparativos. Uma sala, no andar de cima, alcatifada e pronta. Um lugar especial. Uma mesa especial. Era uma noite especial. Quase diríamos “um jantar de gala”!
  4. E qual foi a surpresa? Sobre a mesa, não tinham nada de especial, senão o que é estritamente essencial: o pão e o vinho. Estavam ali, não para encher a barriga, mas para celebrar, agradecer e fortalecer a sua amizade com Jesus, para fazer uma aliança, um compromisso, um pacto, um acordo… com Ele, antes de Jesus partir para o Pai, dando a vida por nós. E o pacto era este: Jesus diz-lhes: “dou a minha vida por vós, neste corpo entregue e neste sangue derramado. Fazei isto em memória de mim”. E nós, desde a sua Páscoa e até à sua última vinda, celebramos a Eucaristia, para fazer memória agradecida da sua amizade e participar do dom da Sua vida, dando a nossa vida pelos outros.
  5. Desde então, os verdadeiros amigos de Jesus nunca mais dispensaram aquele gesto de Jesus na quinta-feira santa. Quantas pessoas do nosso tempo não vão até ao sangue no seu amor à Eucaristia? Para ir à Missa, atravessam a rua entre esquadrões da morte, reúnem-se em assembleias clandestinas, sujeitam-se à carnificina e à implosão das bombas. Mas não renunciam por nada à Eucaristia. Recordo o bispo vietnamita, Van Thuan, preso durante 13 anos e proibido de celebrar a Eucaristia. Ele pedia aos guardas da prisão “um pouco de xarope como remédio para curar as dores de estômago”, mas o frasco enviado pelos amigos trazia um pouco de vinho. E ele, todos os dias, para resistir à tortura mental, já no limite da loucura, “com três gotas de vinho e uma de água na palma da mão celebrava a missa”. Que belo altar e que bela catedral!
  6. Queridos meninos, queridos pais: pensai um pouco neste dia: Que diríeis vós de um amigo, que tivesse sido convidado pelo Deu maior amigo, para uma Ceia de despedida, e viesse a faltar? Que ingrato seria! Pois bem. Nós vimos à Missa, todos os domingos, em resposta a este convite. Somos nós agora os convidados de Jesus.
  7. Façamos então hoje, entre nós e o Senhor, este pacto de sangue: “não faltarei à Eucaristia, custe o que custar. Não porque me mandam. Não porque me apeteça. Não porque o mereça. Mas porque Ele me ama e eu preciso da Sua graça, para pôr em prática o mandamento do amor”.

Só assim poderemos testemunhar juntos o infinito amor do Senhor e a sua eterna aliança, com o dom da nossa própria vida, oferecida pelos outros, até à última gota de sangue!

 

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