Homilia no XXV Domingo do Tempo Comum A 2017
1.Aí está um Pai, em campanha, que sai a toda a hora, à nossa procura! Quer-nos a todos por igual. Enche as nossas mãos, com os seus dons. Não para que, no fim, comecemos a fazer contas, mas para que nos deixemos mover e comover pelo Seu olhar de bondade, e façamos o mesmo: sair ao encontro dos irmãos, a começar pelos últimos, por aqueles que estão ociosos, parados, distantes, desistidos, abandonados, esquecidos. A toda a hora, Ele nos envia para a Sua vinha. Os chamados tornam-se enviados! E os enviados convocam novos chamados. Há, assim, nesta parábola um insistente convite, a várias horas do dia e, que, por isso, se apresenta como um desafio aberto a todas as pessoas, de todas as idades e condições, sem preconceitos, nem exclusões: “Ide vós também para a minha vinha” (Mt 20,1-16).
2.O Papa Francisco insiste que, “em virtude do Batismo, cada membro do povo de Deus torna-se discípulo missionário. Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” (EG 120). Mesmo aqueles que, por causa da idade e da doença, de compromissos pessoais, familiares ou profissionais, não podem colaborar num grupo, ou num serviço concreto na vida da comunidade, também esses, em sua casa e no seu leito de dor, no seu trabalho ou ocupação, enquanto permanecem neste corpo mortal, são chamados a rezar, a interceder e a oferecer o seu sofrimento e o seu trabalho, pela vida da Igreja e pela salvação do mundo. E, deste modo, devem também eles “sentir-se inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja” (Papa Francisco, Alocução, Fátima, 13.05.2017).
3.Movido pelo Seu amor, Deus não escolhe os primeiros, os mais capacitados, mas começa pelos últimos e capacita os escolhidos. Por isso, não devemos ter medo de convidar, de envolver e de comprometer os que estão à margem do caminho cristão, os que se sentem distantes da Igreja, os que, dentro ou fora da Igreja, se acham indignos ou incapazes. Não há desculpa para não fazer ou para declinar o convite, para não convocar ou não responder ao apelo do Senhor. “Porque, se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-l’O, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus” (EG 120). Por isso, como vos disse há dias, “em tudo e sempre é o amor de Deus que nos move e comove, a dar o primeiro passo no serviço humilde da comunidade e da sua missão no mundo” (Homilia no XXIII Domingo do Tempo Comum A 2017)!
4. E apetece-me “voltar à carga” e repetir os mesmos apelos: Faz falta quem dê uma hora ou duas por semana, para manter abertas as portas das nossas igrejas? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem ajude na decoração das nossas igrejas? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem favoreça a experiência feliz do encontro com Cristo, na Catequese? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem reforce e rejuvenesça o grupo dos que visitam os doentes e apoiam os pobres? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem torne a liturgia mais viva, no acolhimento, no canto, na proclamação da Palavra, no serviço do altar? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem se empenhe na animação festiva e cultural da comunidade? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem se ocupe da preparação dos casais e do acompanhamento das famílias? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem torne presente a vida da nossa paróquia, nos lugares, bairros e ruas da cidade? Eis-me aqui, enviai-me! Faz falta quem esteja na vida pública e política, animado pelo amor de Deus, no serviço desinteressado ao bem comum? Eis-me aqui, enviai-me! É o amor de Deus, que nos move a dar o primeiro passo! “Por que esperamos nós” (EG 120)?!