Homilia no XXXI Domingo Comum C 2016*
1. Mais uma vez, um publicano! E, mais do que um publicano, é um chefe dos «publicanos», desses tão odiados cobradores de impostos! Para a multidão, é um desprezado e um «excomungado», um amigo dos ocupantes romanos, um ladrão e um explorador. Impedido de se aproximar de Jesus, provavelmente por causa da sua má fama, e dado que era pequeno de estatura, Zaqueu sobe a uma árvore para poder ver o Mestre que passa. Não quer ver apenas Jesus. Quer ver quem é Jesus. Mas, surpreendentemente, é o olhar misericordioso de Jesus, que primeiro o fixa; é Jesus que primeiro o chama pelo nome e o desafia a recebê-l’O em sua casa. E eis que este encontro inesperado de Jesus com Zaqueu muda toda a sua vida!
2. Vale a pena olhar para este grande homem, de pequena estatura, e perceber quais os obstáculos que teve de vencer, para chegar ao encontro com o Senhor!
2.1. O primeiro obstáculo é a baixa estatura: Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era pequeno. Também hoje podemos correr o risco de ficar à distância de Jesus, porque não nos sentimos à altura, porque temos uma baixa opinião de nós mesmos. Esta é uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a nossa fraca autoestima, mas diz respeito à fé. Porque a fé diz-nos que somos «filhos de Deus» (1 Jo 3,1): fomos criados à sua imagem. Esta é a nossa «estatura», esta é a nossa identidade espiritual: somos filhos amados de Deus, sempre. Deus ama-nos assim como somos, e nenhum pecado, defeito ou erro O fará mudar de ideias. Portanto, para Jesus ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante, mas todos somos prediletos e importantes: tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens. A Seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável. Lembremo-nos disto, no início de cada dia, todos os dias.
2.2. Zaqueu tinha um segundo obstáculo, no caminho do encontro com Jesus: a vergonha paralisadora. Zaqueu era uma figura pública; sabia que, tentando subir à árvore, se tornaria ridículo aos olhos de todos: ele, um líder, um homem de poder. Mas superou a vergonha, e corre, porque a atração de Jesus era nele mais forte. Aqui está também para nós o segredo da alegria do Evangelho: não deixar de procurar ver quem é Jesus, não apagar a boa curiosidade, mas ser livre, pôr-se sempre em jogo, porque a vida não se deve fechar numa gaveta. Perante Jesus, não se pode ficar sentado à espera de braços cruzados! É preciso pôr depressa os pés ao caminho!
3. Um terceiro obstáculo é a multidão murmuradora, que primeiro bloqueou Zaqueu e depois criticou Jesus. Como é difícil acolher verdadeiramente Jesus, acolher com alegria! E deixar Deus perder-se pelo perdido. Como é árduo aceitar um «Deus, rico em misericórdia» (Ef 2,4)! Naquele dia, a multidão julgou Zaqueu, mediu-o de cima a baixo; mas Jesus fez o contrário: levantou o olhar para ele. O olhar de Jesus ultrapassa os defeitos e vê a pessoa; não se detém no mal do passado, mas entrevê o bem no futuro; não se detém nas aparências, mas vê o coração.
Irmãos e irmãs: no fundo do nosso coração, ouçamos esta voz divina que nos diz: «Hoje devo ficar em tua casa», porque é lá que Jesus te quer encontrar, a partir de agora. O Senhor deseja ir a tua casa, habitar o teu coração, os teus afetos, os teus sonhos, a tua vida de cada dia. Deixa-te olhar e chamar por Ele. Acolhe-O com alegria. Ele pode mudar-te, pode transformar o teu coração e fazer da tua vida uma dádiva de amor. Jesus pode fazê-lo! Deixa-te simplesmente olhar por Jesus, que faz brilhar, na tua vida, a luz que dimana do rosto da misericórdia do Pai!
* Nota:Homilia inspirada em Papa Francisco, Homilia na JMJ Cracóvia, 31.07.2016
HOMILIA NA FESTA DO ACOLHIMENTO 1.º ANO 2016/2017
1-Bonita esta história de Zaqueu. De algum modo, todos vós sois como Zaqueu: de pequenina estatura! E todos vós vindes aqui, porque quereis o mesmo que Zaqueu: ver quem é Jesus. Não quereis apenas conhecer Jesus, de passagem, de vista… Mas quereis conhecê-l’O por dentro… de perto.
2-E Jesus recebe-vos bem, recebe-vos com alegria. No meio de uma multidão, Ele conhece o nome de cada um e chama a cada um pelo nome! Quando vós O procurais ver, já antes Ele olhou para cada um de vós. Jesus acolhe, mesmo aqueles que todos rejeitam. Jesus acolhe, com especial ternura, os mais pequeninos. E diz a cada um de vós: “N…, hoje quero ficar em tua casa”.
3-E vós sois chamados a acolher Jesus, como Zaqueu. Com alegria, com prontidão, com generosidade. Sem vergonha, sem medo. Quando rezais em casa, quando vindes à Igreja, quando estais na catequese, estais a receber Jesus em vossa casa, no vosso coração. E Jesus merece ser bem recebido. Ele sempre recebia bem as crianças, mesmo quando outros as queriam pôr de lado.
4-Queridos meninos e meninas: para ver Jesus, Zaqueu teve de subir a uma árvore. Hoje vamos entregar-vos, no momento da Comunhão, uma pequenina medalha, que tem gravada uma “árvore”, para que vos recordeis sempre que Jesus vos olha e vos acolhe com amor. Nunca vos canseis de “subir” a esta árvore, isto é, de vir a esta casa, a este templo, para o encontro com Jesus, vosso amigo. E quando chegardes a casa, a surpresa de cada encontro encha de alegria a vossa casa e torne o vosso domingo, «o dia do Senhor».