Cristo ressuscitou! Que grande alegria é, para mim, poder fazer-vos este anúncio. Queria que ele chegasse especialmente ali, onde há mais sofrimento, aos lares, aos hospitais, aos abrigos, às prisões, às casas de tantas famílias feridas, pela solidão, pela doença, pelo luto, pela separação, pelo desemprego. Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, ao teu coração em especial, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Cristo ressuscitou! Há uma esperança que desperta para ti! Já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia! A misericórdia triunfou! É um triunfo silencioso, nesta noite mais clara que o dia; é um triunfo sem o espetáculo mediático, escondido na terra, porque tem a marca humilde do amor, e acontece sob a luz da eternidade; é um triunfo que as mulheres, pelo seu amor visceral, acolhem em primeiro lugar.
Cristo ressuscitou! Também nós, como as mulheres, discípulas de Jesus, que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar sobre o sentido deste surpreendente acontecimento (cf. Lc 24, 4).Que significa o facto de Jesus ter ressuscitado? Significa que Deus respondeu à morte de Seu Filho, com o maior ato de misericórdia. A ressurreição é, pois, o triunfo da misericórdia sobre a vingança, o triunfo do amor sobre a morte. Cristo ressuscitou, não para fazer justiça e vingar a desonra que O levara à morte de cruz! Deus ressuscitou o Seu Filho Jesus, para nossa justificação, para nos salvar da morte e nos fazer renascer para uma esperança viva. “Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, a nós, que estávamos mortos pelo pecado, fez-nos reviver com Cristo” (Ef 2,4-5). Deus faz justiça, fazendo misericórdia, justifica-nos “misericordiando”.
Cristo ressuscitou! Este amor, pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo, no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até à morada dos mortos, até ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, fê-l’O passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e fê-lo com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança. Em virtude da Sua compaixão, fomos salvos da morte e renascemos para uma esperança viva. Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem.
Cristo ressuscitou! Ele morreu e ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa existência, na nossa vida de cada dia. Quantos cenários de morte, tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Mas a ressurreição diz-nos que a misericórdia de Deus pode fazer florir a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14), pode transformar e recriar a nossa vida. Só Ele é capaz de fazer florir aquelas parcelas áridas, que ainda subsistem no nosso coração.
Cristo ressuscitou! Acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do Seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra e fazer florir a justiça e a paz. E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz.
Irmãos e irmãs: Cristo ressuscitou! «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a Sua misericórdia. Diga a casa de Israel: É eterna a Sua misericórdia» (Sl 117/118,1-2).