Liturgia e Homilias no XIX Domingo Comum C 2025 (9 e 10 de agosto)
Destaque

Em pleno mês de agosto, [no início da Semana nacional da Mobilidade Humana], no mês das viagens e peregrinações, das férias e deslocações, temos Abraão, nosso pai na fé e na esperança, como figura histórica de referência, nesta busca itinerante de uma terra prometida. Ele é a imagem do crente peregrino e do crente que acolhe a Deus, na pessoa do outro. No Evangelho, Jesus pede-nos a prontidão do serviço e a luz da fé, para caminhar vigilantes, na direção da Pátria Prometida, ao encontro do Senhor. Comecemos por reconhecer os nossos medos, fugas e indiferenças em relação aos últimos das nossas sociedades, a quem devíamos justamente dar o primeiro lugar.

 

Homilia no XIX Domingo Comum C 2025

Homilia inspirada na Mensagem do Papa Leão – 111.º Dia Mundial do Migrante e refugiado

1. Peregrinos de esperança, somos desafiados, por Jesus, a ter os rins cingidos, prontos para servir e prontos para partir, até alcançar a Pátria eterna, no nosso encontro definitivo com o Senhor, o divino Esposo. As lâmpadas, que guiam o caminho, na noite da nossa vida, indicam a necessidade da luz da fé, alimentada pelo azeite da esperança, para não perdermos de vista a cidade futura, essa pátria eterna e definitiva, que nos espera no fim da nossa viagem.

2. Na 2.ª leitura, o autor da Carta aos Hebreus falava-nos de um peregrino exemplar, Abraão: ele é a imagem do estrangeiro, do arameu errante, do migrante que caminha de terra em terra, desejoso de alcançar uma cidade melhor, uma cidade cujo arquiteto e construtor é Deus. Ele não se instala, sabe-se a caminho, mora como estrangeiro na Terra prometida. Por isso, Abraão, nosso pai na fé, é também nosso pai na esperança. Ele ensina-nos, na sua condição itinerante e imigrante, que somos um povo peregrino. Não temos aqui cidade permanente, mas procuramos a futura (Hb 13, 14). Por isso, sempre que cedemos à tentação da “sedentarização”, de nos “agarrarmos” ao lugar, de nos instalarmos na nossa zona de conforto, de nos cercarmos em território demarcado, deixamos de ser uma Igreja que está «no mundo», para nos tornarmos uma Igreja «do mundo»!

3. Irmãos e irmãs: este mês de agosto, é ainda, entre nós, «o mês dos emigrantes», dos muitos portugueses que regressam até nós. Somos de há muito e somos ainda hoje um Povo de emigrantes (entre 5,5 e 6 milhões); devemos, por isso, ser também um povo acolhedor para os imigrantes, que vêm de longe e procuram na nossa terra um futuro de paz e de dignidade, uma esperança, uma pátria melhor. Somos desafiados a construir este futuro com eles e não contra eles. “Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido, os migrantes e refugiados erguem-se como mensageiros de esperança. A sua coragem e tenacidade são testemunho heroico de uma fé que vê além do que os nossos olhos podem ver e que lhes dá força para desafiar a morte nas diferentes rotas migratórias contemporâneas” (Papa Leão XIV).E acrescenta o Papa Leão XIV: “Muitos migrantes, refugiados e deslocados são testemunhas privilegiadas da esperança vivida no quotidiano, através da sua confiança em Deus e da sua capacidade de suportar as adversidades, em vista de um futuro em que vislumbram a aproximação da felicidade e do desenvolvimento humano integral. Renova-se neles a experiência itinerante do povo de Israel”, e da nossa experiência como povo de emigrantes. Os portugueses precisam de escutar aquele mandamento, tantas vezes lembrado a Israel: “Lembra-te que foste escravo e emigrante na terra do Egito” (Dt16,12), lembra-te que foste ou és emigrante na França, na Alemanha, na Suíça, no Brasil...

4.Damo-nos bem conta, nas nossas assembleias, da presença participativa de imigrantes, vindos do Brasil, de Angola, de Cabo Verde e outros PALOP, do Nepal, da Venezuela e da Colômbia, da Ucrânia… (referir os países de onde se saiba haver pessoas na assembleia – há cerca de 1 milhão e meio de imigrantes, 14% da população). São irmãos e irmãs bem-vindos, não apenas porque fazem falta, em tantos serviços e trabalhos, mas também porque enriquecem esta nossa Igreja. “Com o seu entusiasmo espiritual e a sua vitalidade, podem contribuir para revitalizar as nossas comunidades eclesiais endurecidas, cansadas e sobrecarregadas, nas quais avança de forma ameaçadora o deserto espiritual.  A sua presença deve ser reconhecida e apreciada como uma verdadeira bênção divina”(Papa Leão XIV)!

5.Não lhes roubemos a esperança. Acolhamo-los, com os seus sonhos e talentos, como promessa de um presente e de um futuro, em que seja reconhecida a todos a dignidade de filhos de Deus!  

 

 

 

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