Liturgia e Homilias na Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo 2025
Destaque

Em dia de Domingo, o primeiro da semana, celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. “Estes são os Apóstolos que durante a sua vida na terra plantaram a Igreja com o seu sangue, beberam o cálice do Senhor e tornaram-se amigos de Deus” (Ant. Entrada)! Numa mesma Solenidade, a Igreja celebra o martírio de Pedro, apóstolo e de Paulo, doutor dos gentios. Ambos trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de Cristo. A Igreja neles alicerçada celebra em festa o dom generoso das suas vidas. E proclama as maravilhas de Deus.

HOMILIANA SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO (1)

Inspirada na Homilia do Papa Francisco 29.06.2024 || A imagem da Porta


Fixemos o nosso olhar nos dois Apóstolos, Pedro e Paulo: Pedro, o pescador da Galileia que Jesus fez pescador de homens; Paulo, o fariseu perseguidor da Igreja transformado pela Graça em evangelizador dos gentios. Ao encontrarem o Senhor, fizeram uma verdadeira experiência pascal: foram libertados e abriram-se diante deles as portas de uma vida nova. Irmãos e irmãs, em pleno Ano jubilar, detenhamo-nos precisamente na imagem da Porta. Com efeito, o Jubileu é um tempo de graça, no qual se abre a Porta Santa, para que todos possam atravessar o limiar daquele santuário vivo, que é Jesus. Também na história de Pedro e Paulo há portas que se abrem.

1. A primeira leitura contou-nos o acontecimento da libertação de Pedro da prisão. Esta narrativa tem muitas imagens que nos recordam a experiência da Páscoa: o episódio ocorre durante a festa dos Ázimos; Herodes recorda a figura do Faraó do Egito; a libertação tem lugar de noite, como aconteceu com os israelitas; o anjo dá a Pedro as mesmas instruções que foram dadas a Israel: levanta-te depressa, põe o cinto, calça as sandálias (cf. At 12, 8; Ex 12, 11). Portanto, o que nos é contado é uma espécie de novo êxodo. Naquela noite de libertação, abrem-se milagrosamente as portas da prisão; depois diz-se, de Pedro e do anjo que o acompanha, que eles estão diante da «porta de ferro que dá para a cidade, a qual se abriu por si mesma» (At 12, 10). Não são eles que abrem a porta, ela abre-se por si mesma. É Deus que abre as portas, é Ele quem liberta e abre caminhos. A Pedro Jesus tinha confiado as chaves do Reino; mas ele percebe que é o Senhor quem realmente abre primeiro as portas. Ele vai sempre à nossa frente. Quantas vezes as comunidades cristãs não aprendem esta sabedoria de abrir as portas e se comportam como alfandegárias ou fiscais da fé.

2. O caminho do apóstolo Paulo é, também uma experiência de Páscoa. Efetivamente, primeiro ele é transformado pelo Ressuscitado no caminho de Damasco e, depois, na contemplação contínua de Cristo crucificado, descobre a graça da fraqueza: quando somos fracos – afirma – é então que somos realmente fortes, porque já não nos apegamos a nós mesmos, mas a Cristo (cf. 2 Cor 12, 10). Alcançado pelo Senhor e crucificado com Ele, Paulo escreve: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20). Precisamente para contar como o Senhor lhe deu tantas oportunidades de anunciar o Evangelho, Paulo recorre à imagem das portas abertas. Sobre a sua chegada a Antioquia juntamente com Barnabé, diz-se que «assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé» (At 14, 27). Do mesmo modo, dirigindo-se à comunidade de Corinto, diz: «abriu-se ali uma porta larga e propícia» (1 Cor 16, 9); e escrevendo aos Colossenses, exorta-os assim: «orai também por nós, para que Deus abra uma porta à nossa pregação, a fim de que eu anuncie o mistério de Cristo» (Col 4, 3).

3. Que a experiência de passar pela Porta Santa de uma Igreja Jubilar, nos ensine a aproveitar as portas que se abrem, nestes tempos que vivemos: há menos crianças na catequese, apostemos mais na catequese de adultos; há mais imigrantes entre nós, deixemo-los entrar e enriquecer-nos pela sua fé ativa e afetiva; há menos celebrações dos sacramentos, apostemos mais no anúncio da Palavra e na formação; há mais funerais que batismos, aproveitemos para fazer o anúncio do mistério central da fé: a Páscoa. Há menos intenções e celebrações de Missas, aproveitemos para lhes dar maior qualidade litúrgica; há menos casamentos católicos, aproveitemos para testemunhar a beleza do matrimónio cristão; há mais gente nas redes sociais, do que nos bancos da Igreja, aproveitemos para lançar aí as redes do Evangelho. Há mais idosos em casa e em lares, de portas abertas, saiamos mais ao seu encontro. Há mais lugares vazios nas Igrejas, haja maior proximidade e familiaridade entre os presentes e maior preocupação missionária com os ausentes.

 

Pedro e Paulo, Apóstolos, nos ajudem a abrir a porta da nossa vida ao Senhor Jesus. E a fazer de todas as portas abertas uma janela de oportunidade para o anúncio de Cristo.


HOMILIA NA SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO 2025 (2)

Inspirada na Homilia do Papa Francisco em 29 de junho de 2023 || Seguimento e anúncio

 

«E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15). Esta é a pergunta fundamental, que, por coincidência, nos aparece este ano em dois domingos sucessivos, ora na versão de Lucas, como aconteceu no domingo passado, ora na versão de Mateus, como acontece hoje. No passado domingo, insistimos na dupla dimensão desta resposta: pessoal e comunitária. Hoje poderíamos ver como é que Pedro e Paulo, homens com histórias de vida tão diferentes, responderam a esta pergunta.

1. A resposta de Pedro poder-se-ia resumir numa palavra: seguimento. Pedro vive os seus dias no seguimento do Senhor. Naquele dia, quando Jesus interpelou os discípulos em Cesareia de Filipe, Pedro respondeu com uma estupenda profissão de fé: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo» (Mt 16, 16). Uma resposta impecável, precisa, pontual! Poderíamos falar de uma resposta «de catecismo» perfeita. Mas tal resposta é fruto de um caminho: só depois de ter vivido a fascinante aventura de seguir o Senhor, só depois de ter caminhado com Ele, seguindo os seus passos durante muito tempo, é que Pedro chegou àquela maturidade espiritual que, por graça, por pura graça, o leva a tão clara profissão de fé. De facto, Pedro largou tudo, para ir atrás do Senhor. E o Evangelho sublinha: «imediatamente». Pedro não disse a Jesus que iria pensar nisso, não fez cálculos para ver se lhe convinha, não apresentou desculpas para adiar a decisão, mas deixou as redes e seguiu-O, sem pedir antecipadamente qualquer segurança. Haveria de descobrir tudo dia após dia, no seguimento de Jesus, caminhando atrás d’Ele. Não é por acaso que as últimas palavras – segundo os Evangelhos – que Jesus lhe dirige são: «Tu, segue-Me» (Jo 21, 22), isto é, o seguimento.  Assim Pedro diz-nos que, à pergunta «quem é Jesus para mim», não basta responder com uma fórmula doutrinal impecável nem mesmo com uma ideia, que formamos de uma vez por todas. Não. É perseverando todos os dias, no seguimento do Senhor, que aprendemos a conhecê-Lo; é fazendo-nos seus discípulos e acolhendo a sua Palavra que nos tornamos seus amigos e experimentamos o amor d’Ele que nos transforma. Aquela anotação «imediatamente» vale também para nós: se há tantas coisas na vida que podemos adiar, o seguimento de Jesus não pode ser uma delas; nisto não se pode hesitar, nem apresentar desculpas. Tal é a lição que Pedro nos dá hoje, convidando-nos a seguir Jesus no caminho, a seguir Jesus como o Caminho, a seguir o caminho de Jesus, até ao ponto de dizer como ele «A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6,68-69).

2. Consideremos agora Paulo, o Apóstolo dos gentios. Se a resposta de Pedro consistia no seguimento, a de Paulo é o anúncio do Evangelho. Também para ele, tudo começou por graça, por iniciativa do Senhor.  Paulo consagra a sua vida a percorrer terra e mar, cidades e aldeias, não se importando de padecer carências e perseguições, contanto que possa anunciar Jesus Cristo. Por outro lado, quase parece que ele, quanto mais anuncia o Evangelho, tanto mais conhece Jesus. O anúncio da Palavra aos outros permite-lhe, a ele também, penetrar nas profundezas do mistério de Deus; a ele, Paulo, que escreveu «ai de mim se eu não evangelizar» (1 Cor 9, 16); a ele que confessa, «para mim, viver é Cristo» (Fl 1, 21). Portanto Paulo diz-nos que, à pergunta «quem é Jesus para mim?», não se responde com uma religiosidade intimista, que nos deixa tranquilos, sem fomentar em nós a inquietação de levar o Evangelho aos outros. O Apóstolo ensina que crescemos tanto mais na fé e no conhecimento de Cristo, quanto mais formos seus arautos e testemunhas. E isto acontece sempre: Quanto mais evangelizamos, mais somos evangelizados! Quanto mais somos evangelizados, mais nos tornamos evangelizadores.

3. Irmãos e irmãs, festejamos Pedro e Paulo. Eles responderam à pergunta fundamental da vida – «Quem é Jesus para mim»? – vivendo o seguimento de Jesus e anunciando o Evangelho. Caminhemos juntos, caminhemos juntos no seguimento de Cristo e no anúncio da Palavra. Que Pedro e Paulo nos acompanhem e intercedam por todos nós!

 

 

 

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