HOMILIA NO XII DOMINGO COMUM C 2025
«Quem dizem as multidões que Eu sou (Lc 9,18)? Pensando nesta cena, poderíamos encontrar duas respostas possíveis, até chegarmos juntos à resposta que Jesus espera de nós[1]:
1.Em primeiro lugar, há a resposta do mundo, que considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quando muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração, com a sua maneira invulgar de falar e agir. Por isso, quando a Sua presença vier a tornar-se incómoda, este mundo não hesitará em rejeitá-l’O e eliminá-l’O. Depois, há uma outra resposta possivel: a das pessoas comuns. Para elas, o Nazareno não é um charlatão: é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. Por isso, seguem-n’O, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas O consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas O abandonam e irão embora.
2.Impressiona a atualidade destas duas atitudes. Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos nos quais em vez da fé se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer. São ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena. No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre. Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como Homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem. Esta visão não é apenas a dos não crentes, mas é também a de muitos batizados, que acabam por viver num ateísmo prático.
3.Mas como poderemos chegar nós à resposta que Jesus nos faz a meio do caminho? A resposta da fé é pessoal, brota da oração e da nossa relação com Deus – Jesus orava sozinho – mas esta resposta só se alcança na escuta, na partilha e na comunhão com os outros em Cristo: estavam apenas com Ele os discípulos. Há, por isso, na resposta e na vivência da fé, uma dimensão pessoal que não se pode descurar e uma dimensão comunitária incontornável. A vida cristã não é vivida isoladamente. Vive-se com outros, em grupo, em comunidade. “Ninguém é cristão sozinho! Fazemos parte de um povo, de um corpo que o Senhor constituiu. A vida cristã não é vivida isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental, confinada na nossa mente e no nosso coração. Vive-se com outros, em grupo, em comunidade, porque Cristo ressuscitado se faz presente entre os discípulos reunidos em seu nome” (Leão XIV, Discurso, 6.6.2025). Professamos a fé da Igreja e dizemo-la de viva-voz diante dos outros: «Sim creio». Ao mesmo tempo este «Sim, creio» é uma resposta pessoal a tudo o que juntos acreditamos. Dizer «Eu creio» é dizer “Eu Creio em tudo o que «nós cremos»”. Este «nós cremos» apareceu pela primeira vez no Concílio de Niceia, no ano 325. Naquele «Nós», todas as Igrejas se encontravam em comunhão e todos os cristãos professavam a mesma fé (SNC 17).
5.Rezaremos, já de seguida o Credo, professando a nossa fé, para repetir hoje, com Pedro, com os discípulos, com toda a fé da Igreja: Tu és o Messias de Deus (Lc 9,20), Tu és o Filho de Deus vivo (Mt 16,6). Tu és o único Salvador. Mas – antes disso e a sós, no segredo da nossa oração e do nosso coração – façamos a nossa pessoal Profissão de fé… dizendo a Jesus tudo o que Ele é para nós: “Tu és o Caminho, a Verdade, a Vida, o Amigo, o Companheiro, o Esposo, a Luz, o Pão, o Pastor, a Porta, a Misericórdia, a Salvação, a Alegria, a Paz sem fim”... É isto que Jesus é para mim?!