Liturgia e Homilias na Solenidade da Santíssima Trindade C 2025
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Liturgia e Homilias na Solenidade da Santíssima Trindade C 2025

Em Ano Jubilar da Esperança, celebremos o Deus do Amor, do Amor que tudo espera, porque Ele é também o Deus da Esperança: o Deus que nos dá esperança e o Deus a Quem esperamos e de Quem tudo esperamos. Esta esperança, esperança que Deus nos dá e esperança que pomos em Deus não nos engana!  Entremos humildemente neste mistério de fé, de esperança e de amor, confessando humildemente a nossa fé e os nossos pecados.

Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade C 2025

Esquema 1 sobre a esperança que não engana

 

A esperança não engana (Rm 5,5).Esta afirmação de São Paulo inspira a Bula de Proclamação do Jubileu de 2025, que estamos a celebrar. Nesta Solenidade da Santíssima Trindade, procuremos entrar no mistério deste Deus, a quem chamamos não só o «Deus do Amor», como também o «Deus da Esperança». É o Deus da Esperança, porque é Ele que nos dá a esperança fundada no Seu amor por nós. E é o Deus da Esperança, porque é verdadeiramente a Ele que, em última instância, nós esperamos no Amor. Contemplando as três pessoas da Santíssima Trindade, perguntemo-nos: Porque é que a esperança não engana?

1. Porque é que a esperança não engana? Porque Deus é um Pai que nos ama. Deus não pode senão amar-nos, pois deixar de nos amar seria negar-Se a Si mesmo, porque Deus é Amor (Jo 4,8). Esta é a sua essência divina. Assim percebemos que a nossa esperança em Deus não engana, porque esta esperança não está fundada nos nossos méritos, nas nossas capacidades, no que nós podemos ser ou não ser, fazer ou não fazer, para alcançar o que esperamos. O fundamento desta esperança é o próprio Amor de Deus por cada um dos seus filhos. Esta é a raiz da nossa esperança. Podemos orgulhar-nos inclusive das nossas fraquezas, porque nos orgulhamos sobretudo do Amor de Deus, que nos ama incondicionalmente. Podemos esperar num Deus que acredita em nós, que nos ama e espera por nós. Somos filhos queridos, amados e esperados por Deus Pai. Esta esperança, fundada no seu amor, não engana.

2. Porque é que a esperança não engana? Porque nada nos pode separar do amor de Cristo, o Filho de Deus. Com efeito, a esperança que não engana, nasce do amor e funda-se no amor, que brota do Coração de Jesus, trespassado na Cruz. A esperança cristã não engana porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá separar-nos do amor de Cristo: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?!» (Rm 8, 35.37-39)?Nem a espada, nem a tribulação, nem a perseguição… Nada. Nada nos pode separar do amor de Cristo.  São Paulo sabe que a vida é feita de alegrias e sofrimentos, que o amor é posto à prova quando aumentam as dificuldades e que a esperança parece desmoronar-se diante do sofrimento. E, no entanto, escreve: «gloriamo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança» (Rm 5, 3-4). Em tais situações difíceis, através da escuridão, vislumbra-se sempre a luz da esperança: em tudo somos sustentados pela força que brota da Cruz e da Ressurreição de Cristo. Aconteça o que acontecer, o Amor de Cristo venceu, vence e vencerá. Cristo vivo dá-nos a força e a graça de esperar sem desfalecer! Esta esperança, fundada no Seu amor, não engana!

3.Porque é que a esperança não engana? Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. O amor de Deus transborda do coração de Deus e faz-nos também transbordar de esperança, pelo Espírito Santo. Pelo Espírito Santo, Deus mantém acesa a chama viva da esperança, como uma tocha que nunca se apaga. Ele faz-nos esperar, mesmo quando nada nos parece indicar que algo irá mudar para melhor. Esta esperança não engana, porque, no fundo, o que esperamos não está ali ou acolá, não vem disto ou daquilo, não resulta desta ação ou daquela. Nós esperamos conhecer a Deus e alcançar a felicidade, que é mergulhar no mistério do Seu amor e participar da Sua glória eterna. No fundo, é a Deus que esperamos, em todas as nossas pequenas esperanças! Deus é tudo o que esperamos! Na verdade, só de Deus é que podemos esperar o que o nosso coração de mais profundo deseja. E aquilo que o coração mais deseja, mais espera, é afinal alcançar o coração de Deus: «Criastes-nos para vós, Senhor, e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Vós» (Santo Agostinho).

Irmãos e irmãs: a esperança dá-nos asas para superar tudo por amor e caminhar em direção a Deus, como peregrinos de esperança, até O alcançarmos, na beleza do Seu amor e da Sua glória. Deus do amor e da esperança, Vós sois tudo o que esperamos!

 

Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade C 2025

Esquema 2 sobre pessoa, relação e comunhão no amor

 

1.Nunca o limite da nossa linguagem humana, parece tão dolorosamente evidente, como quando é preciso falar da Trindade. O mistério da Trindade já não apaixona, como nos primeiros séculos, as discussões nas cadeiras da universidade, nas praças e mercados. E, a maior parte dos cristãos, que invoca a Trindade, no sinal da cruz, antes e no final das orações e celebrações, reflete muito pouco sobre este insondável mistério de Deus e as relações entre as três pessoas divinas da Santíssima Trindade.

2.E não é fácil, porque a linguagem é uma fonte de mal-entendidos, sobretudo quando se recorrem a conceitos, que nem sempre tiveram os mesmos significados, ao longo dos tempos. Falar hoje de três pessoas divinas, por exemplo, não significa falar de três indivíduos, cada qual fechado e completo, em si mesmo. Não. Quando usamos o conceito de «pessoa», estamos hoje a falar de um ser em relação, de um ser em comunhão, de um ser que se recebe de outros, que se dá a outros, que vive graças a outros e para outros. Falar de «pessoa» não é falar de um indivíduo autónomo e isolado, que julga bastar-se a si mesmo, para ser quem é! Quantas vezes ouvimos pessoas, a reivindicar direitos, ao aborto, à eutanásia, como se fossem absolutamente indiferentes a outros e independentes dos outros e não se devessem a mais ninguém. 

3.Ora, este conceito de pessoa como indivíduo isolado não serve para falar da pessoa humana, que sempre se afirma e cresce num conjunto de relações humanas, nem serve tampouco para falar da relação das pessoas divinas. Falar de «pessoa» é falar de um «eu» (de alguém), que toma consciência de si, precisamente diante de um «tu». E só nessa relação, só nesse «nós», é que tal pessoa se compreende verdadeiramente. Na Trindade, não há o «eu, tu e ele», mas sim o «eu, tu e nós». O Espírito Santo é precisamente o Amor que passa e se comunica entre o Pai e o Filho: Ele é o Dom que o Pai faz de Si ao Filho por nós e é o Dom que o Filho faz de si ao Pai, por nós. Ele é o Dom que recebe do Pai e do Filho, para Se dar a nós e derramar o Seu amor divino em nossos corações. O que define as pessoas da Santíssima Trindade é a própria relação de Amor que têm entre si. Este «ser em relação», «ser com», ser em comunhão, constitui o segredo da própria vida de Deus. Já na Criação, se contempla um Deus que tem a seu lado a Sabedoria. Esta Sabedoria, que deseja viver no meio dos homens, veio até nós em Jesus Cristo. Por isso, o nosso “Deus não é solidão. Deus é, em si mesmo, no mais íntimo de si “um ser-com”, relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo – e é um Deus-com, também em relação a nós: é um Deus connosco” (Leão XIV, Discurso, 7.6.2025). As pessoas divinas são puras relações de puro amor. No Pai, contemplamos o Amor d’Aquele Ama; no Filho, vemos o rosto do Amado e no Espírito Santo esconde-se o Amor invisível, o laço, o selo, que une o Pai e o Filho. Sendo o Amor, a própria essência de Deus – Deus é Amor – este mistério divino não nos será dado nunca a conhecer completamente, nem mesmo na vida eterna. Conhecê-lo-emos sempre como Aquele que não pode ser conhecido! Seremos semelhantes a Deus, mas não iguais a Ele. Deus conhecer-nos-á pelo que somos: criaturas pequeninas, amadas e esperadas por Ele; nós conhecê-lo-emos pelo que é: Infinito oceano de Amor. Não podemos abraçar o Oceano deste Amor inesgotável, mas podemos mergulhar n’Ele e alimentarmo-nos d’Ele nesta Eucaristia.

4.Que tem afinal tudo isto a ver connosco? Somos criados à imagem e semelhança de Deus, que é Amor. Pelo que também nenhum de nós é o que é sozinho, sem os outros, longe dos outros, contra os outros e sem amor. Ninguém se afirma ou se salva sozinho. “Ninguém é cristão sozinho! A vida cristã não é vivida isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental, confinada na nossa mente e no nosso coração. Vive-se com outros, em grupo, em comunidade” (Leão XIV, Discurso, 6.6.2025).

5.Nestes Dias de Celebração Jubilar dos Frágeis e da Família, celebremos a alegria de nascermos juntos, a beleza de dependermos e precisarmos amorosamente uns dos outros, de crescermos e de caminharmos juntos, como peregrinos na esperança da glória futura! Deus do amor e da esperança, Vós sois tudo o que esperamos! 

 

 

 

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