HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR C 2025
A Ascensão de Cristo é a nossa esperança! Somos chamados hoje a comunicar e a partilhar, com mansidão, a todo aquele que no-la pede, as razões da esperança que está nos nossos corações (cf. 1 Pd 3,15-16). Podemos dizer, em três palavras, as razões desta esperança.
Primeira razão da nossa esperança: A nossa pobre humanidade chegou ao céu!
A Ascensão de Cristo é a nossa esperança, porque Jesus, Deus feito Homem, tendo-nos precedido na glória, isto é, tendo atingindo já a glória do Pai, indo à nossa frente, como nossa Cabeça, para aí nos atrai e nos chama como membros do Seu Corpo glorioso (cf. oração coleta da Missa da Ascensão do Senhor). Quer dizer, elevado aos céus, Jesus leva-nos e eleva-nos com Ele. Leva e eleva com Ele esta nossa pobre humanidade, n’Ele e por meio d’Ele esta humanidade tem a promessa da sua plena realização na glória da ressurreição. Este Jesus, elevado aos céus, dá-nos a esperança, em sentido pleno, porque inclui a certeza de uma vida para além da morte: uma vida plenamente realizada, finalizada, coroada de abundância e de feliz eternidade, no coração de Deus. Cada um de nós, com as suas fraquezas humanas, é chamado, não apenas a chegar com um dedo ao céu, mas a alcançar o céu de corpo inteiro. Em Cristo, Cabeça, a nossa humanidade já chegou ao Céu.«Esta esperança faz-nos caminhar sem perder de vista a grandeza da meta a que somos chamados: o Céu» (SNC, 25).
Segunda razão da nossa esperança: Junto do Pai, Jesus intercede por nós
Com a Ascensão, Jesus foi exaltado à direita do Pai. Ele reina sobre todas as coisas e intercede continuamente por nós. Belo aquele gesto de Jesus, que enquanto os abençoava, foi elevado ao céu. Junto do Pai, Jesus continua a abençoar-nos e a intercede por nós; junto do Pai, Jesus atrai-nos para esta vida nova e plena da ressurreição. Isso traz-nos esperança: “a sua promessa de estar sempre connosco, através do dom do Espírito Santo, permite-nos esperar contra toda a esperança e ver, mesmo quando tudo parece perdido, as escondidas migalhas de bem” (Papa Francisco, MDMCS 2025). Na verdade, ter esperança não é, de todo, fácil. «A esperança é um risco que é preciso correr. É o risco dos riscos» (G. Bernanos). A esperança é uma virtude escondida, pertinaz e paciente. Nessa esperança, temos como que «uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu, onde Jesus entrou como nosso precursor» (Hb 6, 18-20). Não por acaso, a âncora integra o logótipo deste jubileu da esperança. Se o Senhor nos garantiu, que nunca nos abandonará, então por que devemos recear? Com esta promessa, podemos ir por toda a parte, certos de que a nossa vida tem a sua âncora no Céu, naquela margem aonde chegaremos todos um dia! Junto do Pai, Jesus intercede por nós.
Terceira razão da nossa esperança: A Ascensão dá-nos uma esperança ativa.
Nós não ficamos a olhar para o céu, «à espera que chova». Não. A esperançanão é um otimismo passivo; antes pelo contrário, é uma virtude “performativa”, capaz de mudar a vida. Na verdade, «quem tem esperança, vive já de outro modo; foi-lhe dada uma vida nova» (Bento XVI, Spe Salvi, n.º 2). Diria mesmo que esta nossa vida nova e bela, comprometida com a transformação do mundo, deve tornar-se tão atraente, que outros se interroguem: “Porque é que viveis assim? Porque é que sois assim”? O testemunho de uma vida transformada pelo amor é a melhor forma de partilhar a razão da nossa esperança! A ascensão dá-nos uma esperança ativa, que muda a vida.
Neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, deixo-vos este apelo: com gestos de bondade, com boas palavras e com notícias de coisas boas, com pequenas histórias de vidas corajosas e de vitória do bem no meio da escuridão, com pequenos relatos e testemunhos, sobre escondidas centelhas ou pepitas do bem, nos lugares mais cruéis deste mundo, saibamos partilhar, com brandura e ternura, a nossa esperança, que é Cristo vivo, Ele que enche de esperança os nossos corações (cf. 1 Pd 3,15-16)!