Liturgia e Homilias na Sexta-Feira Santa 2025
Destaque

O primeiro dia do Tríduo Pascal é o Dia da Paixão e morte do Senhor, que celebramos hoje de modo solene. A celebração da Paixão tem hoje um expressivo reinício, com uma Procissão em absoluto silêncio e um gesto de prostração. O Presidente não fará qualquer Saudação, depois da prostração, porque, na verdade, todas as celebrações do Tríduo Pascal são uma só: começaram ontem com a Missa da Ceia do Senhor e só terminarão com as Vésperas na tarde do Domingo de Páscoa. O silêncio de todos expressa a dor da Igreja-Esposa, pera perda do Seu Esposo. O espanto por um amor tão grande fecha a nossa boca no silêncio, para anunciar, invocar, adorar e comungar a Paixão e a Morte do Senhor.

 

Homilia na sexta-feira santa 2025

1.Há milhares de peregrinos, chegados a Jerusalém, ancorados, por uns dias, na Cidade da esperança. Vieram para a celebração anual da Páscoa judaica. É neste ambiente, festivo e pascal, ruidoso e aparatoso, com cheiro poe todo o lado a cordeiro imolado, que acontece a Páscoa de Jesus: a sua entrega, paixão, morte, sepultura e ressurreição. Ao contemplarmos hoje a história desta Paixão e morte, somos levados a pensar que todas as nossas esperanças, saíram defraudadas. Afinal tudo parece terminar na sepultura! Jesus desilude assim quantos esperavam tudo d’Ele: uma manifestação de força, uma prova de poder, uma libertação política, a desforra dos inimigos. Na verdade, Jesus não desce da Cruz; não Se salva a Si mesmo, nem nos salva a nós da Cruz. Salva-nos na Cruz. Neste sentido, todas as esperanças terrenas, que nos iludem com soluções fáceis, esboroam-se diante da Cruz. Quem espera de Jesus milagres convincentes, para curtas esperanças, vive de ilusões, sonhos e fantasias, de uma expetativa que engana e, por isso, fica desiludido! A esperança da Cruz é outra: uma esperança crucificada, que cresce e se purifica e se consolida no mal e frente ao mal. É uma esperança, com passagem obrigatória pelo caminho do amor, que cresce sempre pela via da dor. É, por isso, uma esperança contra toda a esperança, que resiste à escuridão da noite, como nos mostram as quatro mulheres, entre as quais sobressai a Mãe de Jesus: elas abraçam-se à Cruz de Jesus, como se fosse a Esperança em pessoa, a única esperança a Quem se agarrar.

2.Valia a pena fazermos este exercício de reflexão: e se Jesus descesse da Cruz, se Ele se manifestasse poderoso, valendo-se da sua igualdade com Deus? Não estaria Ele a dar-nos uma esperança ilusória? Se Deus poupasse o Seu Filho à morte, em Quem poderiam esperar as vítimas indefesas da violência gratuita? Em Quem haviam de pôr a sua esperança tantas mulheres humilhadas e violentadas, sem defesa alguma? A Quem se agarrariam os doentes crónicos e os moribundos, sem cura nem esperança de vida? Quem, senão um Deus Crucificado, poderia oferecer consolo às vítimas das tragédias naturais ou dos acidentes mortais? Se o nosso Deus Se tivesse escapulido da Cruz, a Quem se poderiam confiar os feridos e descartados da vida, os perseguidos e mutilados, os destruídos e os ignorados, as vítimas inocentes da ânsia de poder e da ganância de dinheiro … se na Cruz não morresse por eles o Filho de Deus?Se Jesus desistisse e descesse da Cruz, a solidariedade de Deus com o sofrimento da Humanidade não teria ido até ao fim. E a verdade de que Deus é Amor ficaria suspensa no vazio. A esperança seria então a primeira a morrer. Mas não. Jesus tomou sobre Si todas as nossas dores e do alto da Cruz diz a cada um: Ancoraja-te. Esperança-te. Não estás sozinho na tua cruz! Eu levo-a contigo! Eu venci a morte e vim para te dar esperança e vida.

3.Irmãos e irmãs: Uma releitura da Paixão poderia ajudar-nos a descobrir alguns sinais de esperança, como, por exemplo, a compaixão das mulheres, as fontes de vida que brotam do lado aberto de Cristo, a ternura perfumada dos amigos José de Arimateia e Nicodemos. Mas destaco uma sugestiva imagem da esperança: a de um jardim. No princípio (Jo.18,1)e no fim da história da Paixão (Jo.19,41), está um jardim! A esperança cristã floresce quando todas as esperanças humanas são crucificadas (J-R. Flecha). O túmulo novo, escavado no jardim, faz-nos saber que o domínio da morte está a terminar! Assim, sobre a hora da grande escuridão e do desespero, a imagem do jardim oferece-nos uma luz de esperança na ressurreição, que brotará da Cruz, como o fruto da semente caída em boa terra. Contemplemos hoje a Cruz de Cristo, única esperança do mundo. Ancorados neste jardim, tenhamos a certeza de que o perfume do amor é sempre mais forte do que o cheiro da morte! O Senhor diz-nos:«Ancoraja-te. Esperança-te na minha Cruz». Digamos, do fundo do nosso coração:Glória a Ti, Senhor. És a âncora da minha esperança. No caminho da Cruz ponho em Ti a confiança”!

 

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