LIturgia e Homilias da Quinta-Feira Santa 2025
Destaque

Irmãos e irmãs: Peregrinos de esperança, eis que chegámos à Páscoa, meta do nosso caminho quaresmal.  Com a celebração desta Eucaristia Vespertina da Ceia do Senhor, damos início ao Sagrado Tríduo Pascal do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. Esta celebração, em jeito de pórtico e introdução ao Tríduo Pascal, reporta-nos àquela mesma noite, em que Jesus, desejando ardentemente comer a Páscoa com os seus discípulos, os reuniu para a Ceia Pascal, sinalizando e antecipando à mesa a sua entrega, a sua morte e ressurreição por nós. Nos sinais do Pão e do vinho e no lava-pés, Jesus, Mestre e Sumo Sacerdote, antecipa o sacrifício de Si mesmo, que se consumará na Cruz. Fixemos então o nosso olhar na Cruz do Senhor, âncora da nossa esperança.

 

Homilia na Quinta-Feira Santa 2025

1. Peregrinos de esperança, os filhos de Israel celebravam a antiga Páscoa, como festa de passagem. Pela celebração anual da Páscoa judaica, tomavam consciência de serem passageiros, peregrinos, por entre campos e fronteiras, chamados a dar o salto, a dar o passo da escravidão à liberdade. Esta celebração da Páscoa, isto é, da passagem, não era apenas uma recordação de um passado, em que se viram livres da escravidão do Egito, mas era sobretudo um fermento de esperança, um compromisso de transformação, um novo ponto de partida para um caminho, com meta a alcançar! Conscientes de serem peregrinos de esperança, pessoas de passagem por este mundo, a celebração da Páscoa era feita à pressa, de cintura apertada, sandálias nos pés, cajado na mão, com a prontidão para partir. 

2. Jesus, peregrino no meio de nós, sabendo que chegara a hora de passar deste mundo para o Pai (Jo 13,1),sabendo que chegara a hora da sua Páscoa, quis reunir os seus discípulos, em Casa, para os fazer passar da soleira da porta para a mesa. E, ali, na intimidade da Ceia, Jesus quis antecipar de forma sacramental o que iria acontecer, logo depois, em carne viva: o dom da Sua Vida inteira na Cruz. Na Ceia, que é final a primeira de muitas, Jesus faz-se Pão e Vinho, força e viático para o nosso Caminho! Também no gesto surpreendente do lava-pés – gesto com que os escravos recebiam os hóspedes de pés empoeirados pela longa caminhada– Jesus recorda aos discípulos a sua condição de peregrinos de esperança, rumo à Páscoa definitiva, até que esta se realize plenamente no Reino de Deus (cf. Lc 22,18).

3. Irmãos e irmãs: quando celebramos a Eucaristia, não o fazemos simplesmente para evocar, lembrar ou representar cenicamente um facto notável do passado. Não. Pela Eucaristia, nós tornamo-nos companheiros e contemporâneos daquela única entrega que Jesus fez de Si ao Pai por nós na Cruz e fê-la de uma vez por todas. E não se trata somente da celebração de um acontecimento presente; é também um acontecimento que nos antecipa o futuro: “todas as vezes, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha” (1 Cor 11,26). Vede: a Eucaristia, que nos dá o Pão do Céu, antecipa-nos a futura glória e dilata a nossa esperança, até ao dia em que Jesus comerá connosco a Páscoa definitiva (cf. Lc 22,16) e beberá connosco o vinho novo no Reino de Seu Pai (cf. Mt 26,29)!

4. Esta tensão, esta orientação, esta projeção de toda a nossa vida, rumo à Páscoa definitiva, não é uma fuga à realidade; é uma semente de ativa esperança, porque a Eucaristia desafia-nos à mesma entrega de Jesus, ao compromisso concreto na transformação do mundo.Dito de modo simples, a Eucaristia é sempre um dom, para cada pessoa a caminho e para a própria Igreja peregrina, pois a Eucaristia é alimento e sustento para nós, peregrinos de esperança!

5. Irmãos e irmãs: obedecer hoje ao mandato de Jesus «fazei isto em memória de Mim» não é apenas celebrar a Eucaristia. É entregar o corpo e a alma, é dar a vida toda e por toda a vida. Anunciar a morte do Senhor até que Ele venha é anunciar, por meio de gestos concretos, a dádiva completa da nossa vida por amor. Se assim for, a Eucaristia tornar-se-á, para nós, não só lugar de ancoragem, mas também fonte deencorajamento, fermento de esperança, na construção de um mundo novo.

6. Que a celebração da Eucaristia faça de nós peregrinos da Cidade da Esperança, cristãos empenhados em «apressar» essa nova Terra, que desce do Céu!  Sim. A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar de esperança o nosso caminho (cf. São João Paulo II, Ecc. Euc. n.º 19). Eis porque te queria desafiar, querido irmão, querida irmã: Em cada Eucaristia, ancoraja-te na Cidade da Esperança! Toma este Pão e este Vinho, como força e viático para o Teu caminho de peregrino de esperança, rumo à Páscoa definitiva!

 

 

 

 

 

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