Homilia breve depois da proclamação do Evangelho da entrada do Senhor em Jerusalém
Irmãos e irmãs: A primeira parte da nossa celebração comemora a entrada do Senhor em Jerusalém, Cidade da Esperança. Não é a entrada triunfal de um rei poderoso, montado em cavalos de guerra. É a entrada do Messias, nosso Rei, pobre, manso e humilde de coração, que vem tomar posse da Sua Cidade, da Cidade do grande Rei (Sl 45,5; 47,2-3). Para tal, Jesus quis precisar apenas de um jumentinho, animal de carga, humilde e servidor (cf. Zc 9,9). A multidão saúda-o com o título divino, do «Rei que vem»: «Bendito o que vem como Rei em nome do Senhor». Jesus não vem para iludir de falsas esperanças o Seu povo. Não vem para impor uma ordem nova, pela força das armas. Vem para amar e desposar a Cidade Santa, a filha de Sião. Vem para Se entregar por todos nós. Por isso, a multidão dos discípulos aclama: “Paz no Céu e glória nas alturas”. Todas as grandes esperanças se condensam nesta Paz, que vem do alto, nesta glória de Deus, que nos faz homens vivos. Com os olhos postos em Cristo, nossa única esperança, aclamemos o Senhor e demos-Lhe glória, cantando: R.Glória a Ti, Senhor. És a âncora da minha esperança. No caminho da Cruz ponho em Ti a confiança.
Homilia no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor C 2025
Inspirada em Papa Francisco, Audiência de 12.04.2017
1. Recordámos há pouco a entrada de Jesus em Jerusalém, entre as aclamações jubilosas dos discípulos e as de uma grande multidão ao rubro. Aquelas pessoas depositavam, por certo, muitas esperanças em Jesus: muitos esperavam d’Ele milagres e sinais importantes, manifestações de poder e até a libertação dos inimigos ocupantes. Quem deles teria imaginado que, dali a pouco, pelo contrário, Jesus seria humilhado, condenado e morto na cruz?!
2. No Evangelho da Paixão, que acabámos de escutar, contrastam estes dois tipos de esperança: a esperança ilusória de Herodes, tetrarca da Galileia, que «esperava que Jesus fizesse algum milagre na sua presença» (Lc 23,8), para o vencer e convencer sem qualquer custo; e a esperança humilde e confiante de José de Arimateia, que «esperava o Reino de Deus» (Lc 23,52). Ora, todas as esperanças terrenas, que nos iludem com soluções fáceis, desmoronam diante da Cruz. Jesus não desce da Cruz para Se salvar a Si mesmo, nem para nos salvar da Cruz. Ele não se vale da Sua igualdade para com Deus, para exibir a força do seu poder, que afinal não é outro senão o do Seu Amor por nós. Quem esperava d’Ele milagres convincentes, para curtas esperanças, viveu de ilusões, sonhos e fantasias, de uma expetativa que engana e, por isso, ficou desiludido! A esperança da Cruz é uma esperança que cresce e se purifica e se consolida no mal e frente ao mal. É, por isso, uma esperança crucificada, uma esperança contra toda a esperança! Esta é uma esperança que nos desafia: «ancoraja-te e esperança-te».
3. Na verdade, Jesus trouxe ao mundo uma esperança nova, que Ele comparou à de um grão de trigo lançado à terra. Se não morrer, se não se abrir e quebrar, ficará só. Mas se morrer, dará muito fruto (cf. Jo 12, 24). Jesus estava a falar de Si mesmo: Ele fez-Se pequeno, como a semente de um grão de trigo; Ele «caiu à terra» deixando-se despedaçar pela morte. Precisamente ali, no ponto extremo do seu abaixamento — que é também o ponto mais elevado do amor — brotou a esperança, a tal esperança que nasce da Cruz!
4. Na Cruz, renascem esperanças novas, como o fruto brota da semente: Jesus transforma o nosso medo em confiança, o nosso pecado em perdão, a nossa morte em ressurreição. E isso significa que, doravante, toda a escuridão pode ser transformada em luz, as derrotas em vitórias, as desilusões em esperanças. Do alto da Cruz é dito a todos e a cada um de nós: Há esperança para ti: o teu pecado foi perdoado, abriu-se, para ti, a porta do Paraíso. Por isso, «ancoraja-te e esperança-te». Esperar, em Cristo Crucificado, é esperançar, é aprender a ver, desde já, o fruto na semente, a vida na morte, a Páscoa na Cruz.
5. A nossa esperança é, sem dúvida, uma esperança crucificada; ela passa pelo caminho do sofrimento e da dor. Contudo, a esperança de vencer a morte liberta-nos de uma vida fechada sobre nós mesmos e incita-nos a vivermos para os outros e assim a transformar o mundo. Quem vive para os seus interesses só se enche de si mesmo e acaba por perder tudo. Ao contrário, quem é disponível e serve, salva-se a si mesmo e aos outros; torna-se, como o grão de trigo, semente de esperança para um mundo novo. O amor é o motor que impele esta esperança. Certamente a cruz é a passagem obrigatória da fé, da esperança e do amor, mas não é a meta; é apenas uma passagem. A meta é a Páscoa gloriosa!
6. Queridos irmãos e irmãs: nestes dias, contemplemos Cristo Crucificado, fonte de esperança para o mundo. Gostaria de vos dar uma tarefa para casa: A todos fará bem parar diante do Crucifixo, olhar para Jesus e dizer-Lhe: «ConTigo nada está perdido. ConTigo posso esperar sempre. Tu és a minha esperança. No caminho da Cruz, eu confio em Ti». Para esta Semana Santa, na companhiado Crucificado,não esqueças o desafio:«ancoraja-te e esperança-te».