Liturgia e Homilias no III Domingo Comum C 2025
Destaque

Neste Terceiro Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra, pela sexta vez, o Domingo da Palavra de Deus. É um Domingo especialmente “dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus” (Aperuit Illis, 3). Por estarmos a celebrar, ao longo de todo o ano 2025, o Grande Jubileu, sob o lema “Peregrinos de esperança”, o Papa Francisco escolheu como fonte de inspiração para este Domingo da Palavra, as palavras do Salmista: “Espero na tua Palavra” (Sl 118/119,74). É da nossa experiência humana, que todos esperam, todos temos diversas esperanças, mas o que nos é comunicado neste Jubileu é a “Esperança”, no singular, a Esperança em Pessoa. A nossa esperança não é uma ideia, uma expetativa; a nossa esperança tem rosto e tem nome: é Cristo. “Cristo é a nossa esperança” (1Tm 1,1). Ele mesmo Se apresenta hoje na sinagoga de Nazaré, como Aquele que realiza a Promessa e o ideal libertador do Jubileu. É Ele que inaugura e nos oferece, em definitivo e em plenitude, «o Ano da graça do Senhor», o Ano Jubilar. Neste Domingo da Palavra, renovemos a nossa esperança no Senhor, porque Ele é fiel à Palavra do Seu amor por nós (Hb 10,23), Ele realiza todas as promessas. Eis porque esta é uma esperança que não nos desilude (Rm 5,5). Bem o entendeu o apóstolo Pedro, quando afirmou: “À Tua palavra, Senhor, lançarei as redes” (Lc 5,5), o que significa: “confio em Ti”; “pus toda a minha esperança na Tua Palavra”(Sl 118/119,74).

Homilia no III Domingo Comum C 2025 | VI Domingo da Palavra de Deus

1. Parecia uma Missa campal! Era apenas uma Liturgia da Palavra, ao ar livre. E reparem: há ali leitores de primeira categoria! Os levitas liam, clara e distintamente, o Livro da Lei de Deus e explicavam o seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura (Ne 8,8). E com que atenção o Povo de Deus escutava a leitura do livro da Lei! Com que emoção: até às lágrimas. Aquela assembleia escutava e respondia «Ámen, Ámen» (Ne 8,6). Este «Ámen», queria simplesmente dizer: “Espero na Tua Palavra, Senhor”(Sl 118/119,74); “só a tua Palavra me inspira confiança; a Tua Palavra é âncora da minha esperança, no meio das tempestades da vida; à Tua Palavra, Senhor, poderei deitar mãos à obra, reconstruir a vida, começar tudo de novo”. Assembleia participativa e semelhante encontramo-la em Nazaré: “Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga” (Lc 4,20). Escutavam a Palavra com os olhos, porque Jesus é o rosto da Palavra, é a Palavra que Se faz ver, antes de Se fazer ouvir. É a Palavra em Carne viva, atual e atuante, «hoje» e agora.

Perguntemo-nos:  Esta nossa assembleia, os nossos grupos pastorais e os grupos de catequese, têm este «vivo afeto» pela Palavra de Deus? Cuidamos da  boa proclamação da Palavra de Deus? Estamos de ouvidos, olhos e coração bem abertos? Pomos na Palavra de Deus «a esperança, que não engana» (Rm 5,5)?!

2. Encontramos também, na primeira Leitura e no Evangelho, dois gestos paralelos: Esdras coloca em lugar elevado o livro da lei de Deus, abre-o e proclama-o diante de todo o povo; Jesus, na sinagoga de Nazaré, abre o rolo da Sagrada Escritura e, na frente de todos, lê uma passagem do profeta Isaías (Lc 4, 18-19; Is 61,1-2). Estas duas cenas dizem tudo: no centro da vida do povo de Deus e do caminho da fé, não estamos nós com as nossas palavras; no centro, está Deus, com a Sua Palavra. Por isso, hoje, “entronizamos a Palavra de Deus”, dando-lhe a centralidade, que merece.

Pergunte-se agora cada um a si próprio:Tenho e mantenho um vivo afeto pela Palavra de Deus?  Dos 73 livros da Bíblia, já li, alguma vez, pelo menos um destes livros? A Bíblia, em minha casa, está entronizada ou engavetada? É usada ou é tão «sagrada», que não lhe posso tocar? É um livro de bolso, uma APP (aplicação) no telemóvel, ou uma peça de museu? Leio e medito, pelo menos, o Evangelho do dia? Tenho «conhecimento seguro» (Lc 1,4) e pessoal de Cristo, pela leitura dos Evangelhos ou só O conheço «em segunda mão», pelo que oiço d’Ele dizer?

3.Na sinagoga de Nazaré, Jesus anuncia e faz acontecer o Ano da Graça do Senhor. Ele cumpre a grande esperança, que cada Jubileu trazia ao povo de Israel, que até então o celebrava de 50 em 50 anos (Lv 25,2-22). Neste ano de 2025, a Igreja celebra um Ano Jubilar, como o faz habitualmente de 25 em 25 anos, com o mesmo espírito libertador e o mesmo programa de vida.

Perguntemo-nos:Que devemos nós fazer, neste Jubileu? Apliquemos já «hoje»  o programa de Jesus (Lc 4, 18-19; Is 61,1-2):1)anunciemos a Boa nova aos pobres, com a Palavra, mas sobretudo com obras, que lhes restituam a dignidade, a esperança e a alegria de viver; 2) levemos a redenção aos cativos, oferecendo-lhes a Palavra da Verdade, que os liberta; 3)dêmos a vista aos cegos, levando-lhes a Palavra, farol dos nossos passos e luz dos nossos caminhos; 4)libertemos os oprimidos pela injustiça, oferecendo-lhes o pão, a paz e o perdão; 5)vivamos o Ano  jubilar, cuidando da nossa Casa Comum, recebendo e oferecendo o perdão dos pecados e das dívidas. Podemos traduzir tudo isto em coisas tão simples, como «um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito» (SNC, n.º 18). Cada gesto destes é uma Carta de amor, uma palavra viva de esperança.

 

Seja o que for, façamo-lo «hoje», não amanhã, nem depois de amanhã. Tal como o Domingo da Palavra, que este programa do Ano Jubilar se cumpra já «hoje», não uma vez no ano, mas «hoje» por todo o ano(cf. Aperuit illis, n.º 8).

 

 

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PARA A HOMILIA NO III DOMINGO COMUM C 2025 || 6.º DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS

Algumas sugestões 

1. Focar o belo exemplo de uma boa proclamação e de uma boa escuta da Palavra de Deus, que nos aparece na 1.ª leitura, com Esdras a fazer a leitura do livro da Lei, num ambão, no Largo situado diante da Porta das águas, imagem que pode aludir à Palavra como fonte de vida: «as vossas palavras, Senhor, são espírito e vida» (cf. Jo 6,63; Sl 18/19).

2. Ajudar a compreender o Ano jubilar, a partir do Evangelho e aplicar o “programa” de Jesus ao concreto da nossa vida: 1) anunciar a boa nova aos pobres (com a Palavra, com a vida, com obras de esperança); 2) proclamar a redenção aos cativos, na certeza de que a Palavra da Verdade nos liberta; 3) dar a vista aos cegos, levando a Palavra, que é farol dos passos e luz dos caminhos; 4) a restituir a liberdade aos oprimidos; oferecer sinais de esperança; 5) proclamar o Ano da graça do Senhor: viver em Paz com a Criação (cuidar da Casa comum), perdoar ofensa e até dívidas, restituir o que temos a mais,  convertermo-nos a Cristo, reconciliarmo-nos com Deus e com os irmãos.

3. Realçar a Palavra de Deus, como fonte de esperança: a Palavra de Deus dirige o nosso olhar para Jesus, nossa esperança e revela-nos um Deus que é o Deus da esperança, da perseverança e da consolação.

4. Concluir com o desafio de “pôr toda a minha esperança na Palavra de Deus”, que é sempre fiel e por isso não engana, não ilude nem desilude: “Ao verem-me, hão de alegrar-se os que Te temem, Senhor, porque pus a minha esperança na Tua palavra”(Sl 118/119, 74).

 

 

 


 

 

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