Liturgia e Homilias no XXVII Domingo Comum B 2024
Destaque

Não separe o homem o que Deus uniu!” E o Evangelho não separa homem e mulher, unidos em matrimónio, mas também não separa as crianças dos pais, porque não é bom que o homem esteja só; não é bom que a mulher esteja só; não é bom que o casal esteja só, não é bom que a família esteja só, na sua vocação e missão tão exigentes. O Senhor quer-nos, unidos e reunidos, lá em casa, como pequena Igreja e nesta Casa, como Sua grande família.

HOMILIA NO XXVII DOMINGO COMUM B 2024

E hoje a conversa anda entre o sonho ideal do casamento e o pesadelo de um divórcio, com as crianças de permeio, como vítimas da separação dos pais.

1.Comecemos pelo sonho. Jesus não se mete na questão legal dos motivos para repudiar a mulher, mas remete-nos para o projeto inicial de Deus, relativamente ao Matrimónio. Logo no princípio, diz-se que: “Deus plasma a mulher enquanto o homem dorme um sono profundo” (Gn 2, 21)e deste modo o texto sugere que, para encontrar a mulher — e, podemos dizer, para encontrar o amor na mulher — o homem deve primeiro sonhá-la e depois encontrá-la”(Papa Francisco, Audiência 22.04.2015). O contrário também é verdade. De forma poética, percebe-se a mensagem: a mulher é dada ao homem enquanto ele dorme e, portanto, não é obra das suas mãos, não é um produto seu, nem uma réplica sua. Tirada de um lado do homem, a imagem sugere-nos que a mulher é a outra face do rosto de Deus e não o reverso da cópia do varão. A imagem da mulher, formada a partir do lado do homem, sugere-nos que ela, embora diferente do homem, no seu génio e singularidade, é feita da mesma massa, tem a mesma dignidade humana. Na verdade, são os dois uma só carne. Não há aqui carne de primeira ou carne de segunda. A mulher não é uma auxiliar, uma criada do marido, mas um auxílio, que Deus lhe dá. Na primeira narrativa da criação, o texto é claro e sem rodeios: “Deus criou o ser humano à sua imagem: homem e mulher os criou” (Gn 1,27). É precisamente nisto que consiste o mistério do Matrimónio: dos dois esposos, Deus faz uma só existência (cf. AL 121). Para Deus, o matrimónio não é utopia da adolescência, mas um sonho, sem o qual a sua criatura estará condenada à solidão. Assim, “querer formar uma família é ter a coragem de fazer parte do sonho de Deus, a coragem de sonhar e construir com Ele, um mundo onde ninguém se sinta só, onde ninguém se sinta supérfluo ou sem lugar (AL 321).

2.Mas o sonho pode tornar-se pesadelo. A carta de divórcio passada por Moisés é um travão, é um limite posto à dureza do coração masculino, pois sem esse certificado a mulher tornava-se uma espécie de presa do homem, sujeita a morrer à pedrada se viesse a ligar-se a outro (Dt 22,22).No fundo, tal certificado destinava-se apenas a pôr ordem e humanidade no abuso discricionário do poder masculino. Já em casa, a resposta de Jesus à pergunta dos discípulos deixa claro que o dever de fidelidade não diz só respeito à mulher, mas vincula também o marido.

3.Neste sentido, este texto, ao contrário do que parece, não pode servir de pretexto para machismos de saias ou feminismos de calças. Trai a verdade na caridade, quem se serve destas palavras de Jesus, para condenar ou excluir da Igreja as pessoas que chegaram ao limite do divórcio. Se em nome da verdade revelada por Deus, devemos propor o amor conjugal, como altíssima expressão humana do amor divino, também em nome da caridade, devemos cuidar com o óleo da misericórdia os casais feridos pela separação. Diz o Papa Francisco:“há casos em que a separação é inevitável; por vezes, pode tornar-se até moralmente necessária, quando se trata de defender o cônjuge mais frágil, ou os filhos pequenos, das feridas mais graves causadas pela prepotência e a violência, pela humilhação e a exploração, pela alienação e a indiferença. Mas deve ser considerado um remédio extremo, depois que se tenham demonstrado vãs todas as tentativas razoáveis” (AL 241).

4.Irmãos e irmãs: de permeio entre o sonho e o pesadelo, estão as crianças, tantas vezes vítimas e reféns da guerra entre os pais. Diz-se, na gíria popular, que entre homem e mulher ninguém meta a colher. Eu diria que entre marido e mulher as crianças podem meter a colher com o remédio da ternura e do perdão, para sarar contendas e evitar separações. É claro que este remédio só cura se realmente soubermos acolher, abraçar, escutar e bendizer as crianças!

 

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Homilia na reabertura da Catequese 2024-2025

XXVII Domingo Comum B

 

1.Jesus está a caminho de Jerusalém. Pelo caminho encontra pessoas e multidões. Alguns, como os fariseus, fazem-Lhe perguntas difíceis, para O pôr à prova. Jesus responde a todos. Mas também – diz o Evangelho – Jesus, em Casa, responde às perguntas dos discípulos, dos que seguem mais de perto. Esta Casa não se refere à casa que Jesus tinha em Cafarnaum. Pois Jesus está já no território da Judeia, mais a sul. Aqui a “Casa” – não tem portas nem janelas; é a pequenina comunidade dos seus discípulos, que se reúnem à volta de Jesus. Com eles, Jesus está em “família”, em comunidade. Jesus forma os seus discípulos, faz-lhes uma catequese especial, só para eles.

2.De repente, esta Casa é tão atraente, que lhe apresentam umas crianças. Não era costume, antes dos 12 anos, as crianças terem “acesso” ou “direito” a entrar na Casa de Deus, a receber a Catequese, que era dada sobretudo em família.  E para que trouxeram então as crianças? Queriam que Jesus lhes tocasse. O toque de Jesus tocava as pessoas, isto é, transformava-as, mudava-lhes a vida.

3.Curiosamente, os discípulos de Jesus tentavam impedir, afastar de Jesus as crianças. Em vez de as ajudar, eram um empecilho, um estorvo. Era os tais “filhos do travão”, que impediam os mais pequeninos de chegar a Jesus!

4.Jesus reage severamente. Ele quer acolher as crianças e quer apresentá-las como um modelo a seguir. Não se pode acolher Jesus e o Seu Reino se não se acolhem as crianças. Não se pode acolher Jesus e o Seu Reino se não se aprende com as crianças. Têm tanto a ensinar-nos, na confiança amorosa.

5.Ao contrário, Jesus abraçava-as com toque de ternura, impunha as mãos pedindo a proteção de Deus e abençoava as crianças. Jesus dizia bem das crianças e bendizia o Pai pelas crianças, pelos mais pequeninos do Reino.

6. Hoje estamos aqui todos, pais, crianças e adolescentes, catequistas, em Casa de Jesus. Todos queremos conhecer, tocar de perto a pessoa de Jesus, sentir a Sua ternura, a Sua proximidade, o Seu amor.

7.Quem serão hoje aqueles que impedem os mais pequeninos de chegar a Jesus, de O conhecer e de O tocar, de O escutar?

8.Pensemos em que medida temos sido facilitadores deste encontro ou travões a este encontro?

9. Que esta nossa Paróquia seja a “Casa de Jesus”, onde vimos com as nossas perguntas, com os nossos desejos de conhecer e de tocar Jesus. Que a Catequese e a Eucaristia sejam os lugares onde escutamos as respostas de Jesus e onde Ele nos abraça e recebe de braços abertos, onde Ele nos abençoa com o Seu amor infinito por nós.

10. Jesus recebe-nos em Sua Casa. Vamos até Ele. Peregrinos de esperança. Com todos e para o bem de todos!

 

 

 

 

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