Liturgia e Homilias na Sexta-feira Santa 2024
Destaque

O primeiro dia do Tríduo Pascal é o Dia da Paixão e morte do Senhor, que celebramos hoje de modo solene. A celebração da Paixão tem hoje um expressivo reinício, com uma Procissão em absoluto silêncio e um gesto de prostração. O Presidente não fará qualquer Saudação, depois da prostração, porque, na verdade, todas as celebrações do Tríduo Pascal são uma só: começaram ontem com a Missa da Ceia do Senhor e só terminarão com as Vésperas na tarde do Domingo de Páscoa. Pedimos a todos os presentes que, por favor, tanto quanto a saúde e o espaço lhes permitirem, imitem os ministros da celebração, ajoelhando-se quando eles se ajoelharem e o Presidente se prostrar. Agora, façamos um profundo silêncio, para anunciar, invocar, adorar e comungar a Paixão e a Morte do Senhor.

Homilia na Sexta-feira Santa 2024

Pelas Suas Chagas fomos curados.

 

1.Somos curados por um homem ferido, homem das dores! A figura profética, desenhada na imagem do IV Cântico do Servo Sofredor, cumpre-se, na plenitude, e realiza-se, na perfeição, em Jesus Cristo, o Filho de Deus. É Ele o Cordeiro imolado; é Ele o único Justo, que suporta sobre Si as nossas enfermidades e toma sobre Si as nossas dores. Parecendo destinada à derrota, à falência, esta morte é vida oferecida e consumada por amor. Ela traz em si mesma a semente de uma descendência duradoira, de um povo novo. A obra do Senhor prospera na dor. E, por isso, o Quarto Evangelho acrescenta, na história da Paixão, um luminoso quadro de esperança. Já depois de tudo estar consumado, vendo-O já morto, “um dos soldados trespassou-Lhe o lado com a lança e logo saiu sangue e água” (Jo 19,34). Precisamente desse lado aberto da Cruz, dessa chaga maior, donde se esperavam sinais da morte, jorram em abundância as fontes da salvação. O Evangelista é claro quanto ao que pretende com este quadro: “Hão de olhar para Aquele que trespassaram” (Jo 19,37). Ele é fonte de cura e remédio de salvação para quantos põem n’Ele o seu olhar.

2.Foi esse o nosso propósito, desde o início da Quaresma e assim tem permanecido neste Tríduo pascal: olhar para o alto da Cruz e olhar a Cruz por dentro e para dentro, entrando no seu mistério, pela fresta das Chagas de Cristo. Só, pelas Suas Chagas, nos podemos adentrar e penetrar no abismo do amor do coração de Jesus, do qual brota o bálsamo da sua infinita misericórdia, que cura todas as nossas feridas. Naquelas chagas, tocamos a verdade de um Deus que nos ama profundamente, de um Deus que fez suas as nossas feridas. Por isso, estas Chagas de Cristo na Cruz são canais que derramam a misericórdia divina sobre as nossas misérias humanas. Entremos, pois, pela porta estreitíssima, pela fresta, pela fenda das Suas Chagas! Pelas Suas Chagas fomos e somos curados (cf. Is 53, 51; Pe 2, 24).

3.Irmão e irmã: hoje és convidado a beijar a Cruz do Senhor. Por razões sanitárias, basta um simples olhar, uma inclinação do coração, um toque de mão. Desafio-te a realizares este gesto de adoração, com três intenções:

1.º: Olha bem para a Chaga do lado aberto d’Aquele que trespassaram!O teu coração e a tua fé pertencem apenas a este Deus Crucificado, que mostra as Suas chagas. Não acredites em deuses baratos, que se passeiam neste mundo, sem serem afetados pelas tuas feridas, deuses sem arranhaduras, sem cicatrizes, sem queimaduras. Qualquer deus que te deem, intacto e de mão beijada, sem chagas, será estranho à tua dor, será um deus menor, sem amor. Qualquer Cristo que te apareça, por aí, sem as chagas da crucifixão, é apenas uma ilusão, uma mentira, uma projeção dos teus desejos. Porque – em verdade te digo – o teu Deus é um Deus ferido! Conta-se de São Martinho que, um dia, Satanás lhe apareceu sob a figura de Cristo. Mas o santo não caiu na cilada e perguntou-lhe: «Onde estão as tuas chagas»? Testa assim a visão da tua fé!

2.º: Beija as tuas próprias feridas. Precisamente aí, nos buracos escuros, frios e dolorosos da tua vida, Deus ainda te espera com a sua infinita misericórdia. Aí, onde és mais vulnerável, onde mais te envergonhas de ti mesmo, Deus chama-te a regressares a Ele, para transformar em pérolas as tuas feridas! Beija, ama e assume as tuas feridas, para que o Senhor tas possa curar e redimir.

3.º Toca as feridas dos teus irmãos feridos.Não desvies o teu rosto, mas toca com ternura a carne sofredora de Cristo em todos os feridos e feridas, da tua casa, da tua rua, do nosso tempo: os doentes e sós, os famintos, os deslocados, os esquecidos e os desprezados da civilização do bem-estar. Onde estão estas feridas, onde estão estes feridos, aí estão as chagas de Cristo! Cura as chagas dos teus irmãos. Por elas, o Senhor curará as tuas!

Irmãos e irmãs: Vinde, adoremos a Cruz do Senhor. Pelas Suas Chagas, fomos curados!

 

 

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