Homilia no II Domingo Comum B 2024
Entrámos no Tempo Comum, tempo favorável para animar e averiguar o nosso caminho de fé na vida de cada dia. O Evangelho deste domingo ajuda-nos a descobrir a alegria da fé, da vocação e da missão, em três passos fundamentais: procurar Jesus, encontrar Jesus, seguir Jesus.
1. Procurar Jesus! Jesus deixa-Se encontrar por quem O busca, mas para O buscar é preciso mover-se, sair, arriscar, deixar o conforto do sofá, calçar umas sapatilhas e sair à procura! Há que vencer a preguiça de quem não pede mais nada à vida do que a rotina de cada dia! Por isso, Jesus vai direto ao assunto e faz uma pergunta fundamental: «Que procurais?». É a mesma pergunta que, na manhã de Páscoa, o Ressuscitado dirigirá a Maria Madalena: «Mulher,quem procuras?» (Jo 20, 15). Cada um de nós está em desassossego, sempre em busca, à procura de ir mais alto, mais longe, mais além. Todos andamos em busca de felicidade, de amor, de uma vida bela e repleta de sentido e de alegria. Ora, Deus Pai concedeu-nos tudo isto ao enviar-nos e ao dar-nos seu Filho Jesus. Mas é isso que procuramos em Jesus? A pergunta de Jesus pode ser feita nestes termos: “Que procuras? Qual é o teu desejo mais profundo? O que é que te move? O que é que mais desejas na vida”? Deixa ressoar e percorrer dentro de ti o caminho das grandes perguntas. Deixa-te guiar. Nesta procura de Deus é fundamental encontrar uma verdadeira testemunha, que nos guie, uma pessoa que primeiro percorreu o caminho e encontrou o Senhor. Na procura da vontade de Deus, fazem falta mediadores, como Heli junto de Samuel, ou João Batista, junto dos seus discípulos. Fazem falta figuras de referência próximas, credíveis, coerentes e honestas, capazes de manifestar sintonia e oferecer apoio, encorajamento e ajuda, sem fazer pesar o próprio juízo!
Queridos pais e catequistas, professores e demais educadores, digo-vos a vós e a mim mesmo: sejamos verdadeiramente testemunhas de Cristo, para nos tornarmos guias e companheiros dos mais novos, na sua busca de Jesus.
2. Encontrar Jesus! A pergunta dos dois discípulos a Jesus, «onde moras?», exprime o desejo de saber onde mora o Mestre, para poderem estar com Ele, para se enamorarem d’Ele. Por isso, Jesus não responde: “Moro em Cafarnaum ou Nazaré”, mas diz: «Vinde ver». Não é um cartão de visita. É um convite para um encontro. Os dois vão com Jesus e naquela tarde permanecem com Ele. Uma coisa nos chama a atenção: um deles, uns sessenta anos depois, escreveu no seu Evangelho: «era por volta das quatro horas da tarde». Esquecemos muitos encontros, mas o verdadeiro encontro com Jesus permanece para sempre.
Isto significa que o mais urgente, na nossa prática pessoal e pastoral, na catequese, na liturgia, na caridade, é facilitar e proporcionar o encontro com Jesus, o que requer uma atitude de escuta, de oração, de meditação da Palavra de Deus e um desejo ardente de estar presente na sua Casa e de partilhar com Ele a vida, à mesa da Eucaristia.
3. Seguir Jesus! Esta alegria inesquecível do encontro com Cristo transborda do coração dos discípulos, como um rio em cheia. Por isso, André diz a seu irmão Simão: «Encontrámos o Messias». Vede: depois do encontro com Jesus, surge espontaneamente o desejo de O comunicar, de O levar aos outros e de levar os outros a Jesus, como quem vive e testemunha uma grande alegria: “encontrei o Senhor, encontrei o Amor, encontrei o Caminho, a Verdade e o sentido da minha vida”.
Vivamos com generosidade e alegria a nossa própria vocação e missão, de modo que esta alegria, que brota sempre do encontro com Cristo, desperte em todos o desejo de procurar Jesus, encontrar Jesus e seguir Jesus… com alegria… juntos por um caminho novo!