Homilia na Solenidade da Epifania do Senhor 2024
«Vamos com alegria! Vamos todos a Belém». Podemos recapitular o caminho percorrido, desde o Advento até hoje, a partir desta viagem dos Magos. Ela desperta-nos para uma outra alegria do Natal: a alegria sinodal, a alegria de caminharmos juntos!
1. “Vamos”. Vede que este é um convite feito no plural, um imperativo conjunto, a levantarmo-nos, a partirmos, a caminharmos, a sairmos, para alcançarmos juntos e juntos resplandecermos a alegria do encontro com o Senhor. Foi esta a primeira palavra de ordem dos Magos, para a peregrinação: «Vamos». A tal ponto que este «vamos» se concretiza naquele «vimos» e «viemos»: “vimos a sua Estrela no Oriente e viemos adorá-l’O” (Mt 2, 2). Os Magos levantam-se, põem-se a caminho, mas não são corredores isolados, em competição. Não. Eles falam sempre na segunda pessoa do plural: «vimos» e «viemos». Tudo o que fazem, fazem-no juntos: juntos, puseram-se a caminho; juntos sentiram grande alegria, juntos entraram na Casa, juntos prostraram-se e adoraram, juntos ofereceram presentes e juntos regressaram por outro caminho, Vede: Ninguém chega a Jesus sozinho e sem se pôr a caminho. Façamo-lo então juntos, em casal, em família, em grupo, em comunidade. Sonhemos juntos. Caminhemos juntos.
2. “Com alegria”. Os Magos, indagadores inquietos, sentiram-se atraídos por uma grande alegria e encontraram-na, no final da sua peregrinação, sem se escandalizar, na pequenez daquele Menino, na pobreza do Presépio. Não deixemos que o cansaço, as quedas e os fracassos do caminho nos precipitem no desânimo; antes, pelo contrário, reconhecendo-os com humildade, devemos fazer deles ocasião de progredir na proximidade com o Senhor Jesus. Olhando para o Senhor, encontraremos a força para continuar o caminho juntos, com renovada alegria. Deus dá a liberdade e distribui a alegria, sempre e só, em caminho, juntos. Seja a alegria deste encontro a estrela que nos guia.
3. “Vamos todos a Belém”. Os Magos perceberam que não era Jerusalém a meta da sua viagem. Era Belém, uma pequena cidade da periferia, uma cidade onde todos têm lugar: os pastores e os magos, as pessoas rudes e as pessoas eruditas, os pobres ricos e os ricos pobres. Mas, para descobrirem esta cidade de Belém, os Magos precisaram de se deixar guiar por uma Estrela, o mesmo é dizer, de se deixar tocar pela linguagem silenciosa do Universo, de se deixar interpelar pelos sinais, de se deixar iluminar pela Palavra das Escrituras, de se deixar atrair pela Luz de Deus, de se deixar mover pelo desassossego do coração, que, no mais fundo de si mesmo, deseja ver a face de Deus. Aprendamos, pois, com os Magos a desassossegar, a sonhar alto, a caminhar para novas e mais altas metas, a caminhar mais longe e por caminhos novos, com a humildade de quem se deixa interpelar e guiar!
4. E retomamos, por fim, a segunda parte do lema do nosso ano pastoral: “Juntos por um caminho novo”. Os Magos regressam «por outro caminho» (Mt 2, 12). Não se pode encontrar Cristo e deixar ficar tudo como dantes, seguindo o cómodo critério do “fez-se sempre assim” (EG 33). O Espírito Santo nos guie por caminhos novos, para levarmos o Evangelho ao coração de todos, todos, todos. Comecemos pela nossa casa, por quem é indiferente ou vive alheado, por quem perdeu a esperança, mas anda à procura da «grande alegria» (Mt 2, 10), que só o encontro com Cristo oferece.
5.Irmãos e irmãs: Vamos com alegria. Vamos todos a Belém. Vamos mais longe, mais além. Vamos juntos, como Povo. Vamos com alegria. Juntos por um Caminho novo.