Liturgia e Homilias na Vigília Pascal A 2023
Destaque

Esta é a noite do ano! A noite de todos os acontecimentos, a noite das grandes intervenções de Deus na nossa história. Estamos em vigília, em expectação noturna, em oração, para dar início à celebração do terceiro dia do Tríduo Pascal, o dia da Ressurreição. Na mais solene das vigílias, vamos proclamar a Ressurreição de Jesus, o acontecimento por excelência das grandes maravilhas de Deus operadas em nosso favor. Quatro grandes liturgias darão corpo à nossa celebração: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal, e, como coroamento, a Liturgia Eucarística! Porque é de noite, começamos por acender a Luz. A Luz é a primeira obra da Criação. O Presidente desta celebração irá proceder à bênção do fogo, com o qual acenderá o grande círio pascal. A partir desse círio iremos acender as nossas velas. E só depois entraremos na Igreja em procissão.

Homilia no Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor A 2023

 

A Páscoa é uma corrida para um abraço. É uma espécie de compasso ternário, em três movimentos vitais: correr juntos, abraçar os pés e anunciar com a vida.

1. Correr juntos

Gosto desta corrida na manhã de Páscoa. Há pressa no ar. Desde as suas origens, a Páscoa do Senhor é passagem e pressa (cf. Ex 12,11). Correm Maria Madalena e as companheiras em direção ao sepulcro. Elas veem retirada a pedra, que era muito grande (Mc 16,4). Fora então removida, por Deus e para sempre, aquela pedra da morte. Mas Maria Madalena caminhava ainda na noite e não vislumbrou a luz nova da manhã de Páscoa, que estava a raiar. Por isso, ela e as companheiras desatam a correr, para avisar Pedro e João (cf. Jo 20,2)de que “tiraram o Senhor de sepulcro e não sabemos onde O puseram” (Jo 20,2). Em resposta, também “Pedro e o outro discípulo corriam juntos” (Jo 20,4)“mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro” (Jo 20,4), não tanto por ser mais jovem, mas porque o amor apressa todos os passos! Pedro vê primeiro o sepulcro, não vazio, mas aberto, cheio de sinais:  as ligaduras depostas, o sudário enrolado num lugar à parte. Houve, por certo, uma intervenção de Deus, no segredo daquela noite mais clara que o dia, que escapou ao olhar humano e à fotografia. O outro discípulo entrou depois, “viu e acreditou” (Jo 20,8).A confirmação da Boa Nova da Páscoa chegará às mulheres pela voz de um Anjo, de aspeto jovem (Mc 16,5): “Procurais Jesus de Nazaré o Crucificado? Não está aqui. Ressuscitou” (Mt 28,5-6; Mc 16,6). Ele está vivo e vive para sempre! “Ele está vivo e é a mais formosa juventude deste mundo” (CV 1)!

2. Abraçar os pés

E a corrida continua com as mulheres a levar a Boa Nova aos outros discípulos. E nesta corrida entra Jesus, que Se atravessa no caminho, saúda as mulheres e elas, “aproximando-se, agarraram-se-Lhe aos pés e ajoelharam-se diante d’Ele”(Mt 28,9), com esta confiança: “Ele vive. O nosso amigo triunfou. Mataram o Santo, o Justo, o inocente, mas Ele venceu. O mal e a morte não têm mais a última palavra. Porque Ele vive, o bem pode tornar-se caminho na nossa vida. Porque Ele vive, deixaremos para trás as lamentações e olharemos para a frente. Porque Ele vive, há uma saída para todas as situações críticas, obscuras, escandalosas e dolorosas (cf. CV 104; 126). Porque Ele vive, «agarrados a Ele viveremos e atravessaremos todas as formas de morte e de violência que nos espreitarem no caminho»” (cf. CV 127). É, pois, com os pés, por um caminho novo, que elas hão de agora abraçá-l’O e anunciá-l’O. Com os pés e com a própria vida!

3. Anunciar com a Vida

Esse é o desafio da Páscoa: “Ide rapidamente dizer aos seus discípulos: «Ressuscitou dos mortos e eis que Ele vai à vossa frente para a Galileia»” (Mt 28,7; 10; Mc 16,7). O anúncio da Páscoa faz-se caminhando e seguindo para a frente com a vida! A Ressurreição de Jesus não é um regresso à vida anterior, pelo que não pode ser anunciada por cristãos que vivem do passado. Só podem anunciar e testemunhar a Ressurreição aqueles que procuram Jesus, lá mais à frente, lá mais adiante, na Galileia, na terra de missão, no coração dos distantes, onde Ele sempre nos espera. Jesus está sempre «lá mais para a frente» e jamais «lá para trás». Não podemos, por isso, ficar agora a moer indefinidamente com a pedra dos escândalos sem a remover de uma vez por todas; não podemos viver a crise da prática religiosa com os olhos escuros do sepulcro vazio. É preciso fazermos deste vazio o sinal aberto e desafiante de um caminho novo, que precisamos de correr e de percorrer juntos. Só podemos anunciar que Cristo vive com um Cristo vivo na nossa vida transformada por Ele. É essa novidade, que dá crédito à notícia da Ressurreição de Jesus. O poder oculto da Ressurreição de Jesus, como um rio subterrâneo, continua, de facto, a mudar o curso do mundo e o percurso da nossa vida. Quantos não precisarão hoje do nosso testemunho de Cristo vivo, para acreditarem que Jesus está a ressuscitar, aqui e agora, nesta nossa vida que, graças a Ele, ganhou novas forças, nova alegria e nova juventude?!

Querido irmão, querida irmã: Abraça o presente da Páscoa, que é Cristo vivo. Ele vive e quer-te vivo! Ele é o manancial da tua juventude (CV 133). Abraça-Lhe também os pés e abraça-O com os pés de mensageiro apressado da sua Páscoa. Corramos todos juntos, para este abraço pascal, pois só “agarrados a Ele, viveremos” (CV 127).


 

 

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