Liturgia e Homilias no 4.º Domingo da Quaresma A 2023
Destaque

Mais um passo no caminho para a Páscoa. Saímos do poço de Jacob, para dar um saltinho à piscina de Siloé. Depois de bebermos da Fonte de água viva, no encontro de Jesus com a Samaritana, somos hoje conduzidos, como o cego, à fonte luminosa, que é Jesus Cristo, Luz do mundo! Hoje celebramos o 4.º domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria. Mas este é também o dia do Pai,  do pai de cada um de nós, de todos os pais que, neste mundo, são a sombra do Pai celeste. Rezemos por eles e com todos eles.

 

Homilia no IV Domingo da Quaresma A 2023 | Dia do Pai

1. Este IV Domingo da Quaresma, vestido de cor-de-rosa, traz-nos um cheirinho à alegria da Páscoa, como a promessa de uma Primavera que já se anuncia. É verdade que nos ensombra ainda um inverno duro e escuro, por tantas coisas, “que devem ser condenadas abertamente”, “coisas feitas em segredo, que até vergonhoso dizê-lo” (Ef 5,11.12). Mas é também graças a esta mesma Luz, da bondade, da justiça e da verdade (Ef 5,9), que tantas coisas são postas a descoberto! A Liturgia deste Domingo quer-nos dar um banho de luz, pondo-nos de frente a Jesus, Luz do mundo. Neste banho de luz, tornamo-nos filhos da luz. Agora, podemos ver Jesus e ver tudo com os olhos de Jesus (cf. LF 46)!

2. Mas porque amanhã / hoje é Dia do Pai não poderíamos deixar de incidir a luz da Palavra de Deus sobre a figura do pai de cada um de nós. Recordemos, por exemplo, na primeira leitura, a figura de Jessé, o pai a quem Samuel perguntou: “Estão aqui todos os teus filhos?” (1 Sm 16,11). Na verdade, Jessé tinha-lhe apresentado os sete, a começar por Eliab, “de belo aspeto e elevada estatura” (1 Sm 16,7). Habituado a olhar às aparências e não como Deus – que vê o coração –, Jessé sugeriu Eliab, o mais vistoso. Mas não era esse o eleito. Nem esse, nem nenhum dos sete! Faltava ainda o mais novo, David, o Pastor. Ora é esse, precisamente a quem Deus escolhe. Esta cena, que conclui com a unção de David (1 Sm 17,13), como Rei de Israel, ajuda-nos a ver, pelo menos duas coisas importantes na missão de cada pai, neste mundo:

3.1. A primeira é esta: um pai não pode talhar, determinar, escolher e decidir a vida e o futuro de um(a) filho(a), como se ele(a) fosse uma réplica, uma extensão da sua vida. Só um pai, que renuncia à tentação de se portar como um patrão, abre espaço para o inédito. Cada filho(a) traz consigo um mistério, algo de original, que só pode vir à luz, com a ajuda de um pai, que respeite o seu caráter único, a sua liberdade. Educar é precisamente fazer a vir à luz o que há de único e de mais belo em cada filho(a). Cada pai deve ser capaz de abrir os olhos e de iluminar a vida de cada filho(a), com o seu exemplo luminoso, como guia respeitável da sua vida, mas depois deve deixar o(a) filho(a) aprender a ver a vida com os próprios olhos e com os olhos de Jesus. Um pai sente que está no caminho certo da sua missão educativa quando, de algum modo, se tornou «inútil», quando vê que o(a) seu(sua) filho(a) já se tornou autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida.Ouvíamos, por exemplo, no Evangelho, os pais do cego remeter para o filho a resposta à pergunta dos judeus: “Ele já tem idade para responder, perguntai-lho vós” (Jo 9,21).Um pai torna-se uma figura tanto mais luminosa, quanto mais é capaz de ficar na sombra, uma sombra que sempre acompanha o(a) filho(a), quando está, quando parte e quando regressa. Em certo sentido, cada Pai está neste mundo na condição de São José: a de ser a sombra do único Pai celeste!

3.2. Uma segunda coisa interessante, sobre a missão do pai, é o alcance da tal pergunta: “Estão aqui todos os teus filhos” (1 Sm 16,11)? Não se trata apenas de saber o lugar onde eles estão: se em casa ou no campo. Isto Jessé bem o sabia. Mas o que não sabia era onde se encontrava cada filho(a), em sentido existencial, onde estava posicionado cada filho(a), do ponto de vista das suas convicções, dos seus objetivos, dos seus desejos, do seu projeto de vida, dos seus sonhos! Querido pai, sabes onde está realmente o coração de cada um dos teus filhos? Queres sabê-lo? Ou estás obcecado por controlar apenas os seus espaços? Ser pai significa estares perto e estares presente, para introduzires, pouco a pouco, cada filho(a) teu na experiência da vida, na realidade. Não para o(a) segurares, prenderes, subjugares, mas para o(a) tornares capaz de opções, de liberdade, de partir e de sair.

Que esta figura luminosa do pai não se apague, na família, na sociedade, na Igreja. Precisamos da sua luz e da sua sombra. Porque a sombra só existe quando brilha a Luz. Que a sombra do pai de cada um de nós nos guie e nos acompanhe na direção da Luz de Deus, Único Pai, o Pai de todos, o Pai que está nos céus (Mt 23, 9)!

 

 

 

 

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