Liturgia e Homilias no 3.º Domingo da Quaresma A 2023
Destaque

Entramos no coração da Quaresma. Mergulhamos agora nas profundezas do nosso Batismo. Somos provocados, deste este 3.º domingo até ao 5.º domingo da Quaresma, por três encontros com Cristo, no caminho para a Páscoa. Revemo-nos na Samaritana, que encontra em Cristo a fonte de água viva, no cego de nascença que encontra em Jesus a luz da vida e em Lázaro, cuja morte e ressurreição anuncia já a vitória da Páscoa. É evidente a relação dos Evangelhos com os temas batismais da água, da luz e da vida.Hoje é a vez de saborearmos o encontro de Jesus com a Samaritana: ela representa-nos na nossa situação de pecado e no desejo de felicidade, na necessidade profunda e radical de salvação! 

Homilia no 3.º Domingo da Quaresma A 2023

Com tanta e tão boa água, não queria correr o risco de meter água, nesta conversa à volta do mais belo e longo diálogo, em todo o Novo Testamento. Deixo apenas três perguntas, para continuar este diálogo com Cristo, junto ao poço de Jacob. Tomo como referência três símbolos deste encontro: o poço, a água e o cântaro.

 

1.O poço é o lugar do encontro. Junto ao poço de Jacob houve muitas conversas, que acabaram em enamoramento, em casamento (Gn 24; 29,1-14; Ex 2,15-22). O poço é, por isso, o símbolo do coração humano, que tem sede de amor. Às vezes, procuramos matar esta sede com água inquinada, não com bebida espiritual, que brota do rochedo que é Cristo, mas com bebidas espirituosas, estimulantes, que levam corantes e conservantes. Cristo oferece no poço a água vivente, o presente, o dom do Seu Amor: o amor de Deus derramado em nossos corações. O poço é o lugar onde a samaritana pode conhecer o verdadeiro dom, abraçar o presente, que não é mais a água do poço, mas o próprio Cristo, a sua fonte de água viva, para a vida eterna. Para descobrir e abraçar este presente, é preciso cavar na amargura existencial da vida, escavar no fundo do poço das nossas misérias, ir bem ao fundo do coração. Porque o poço está dentro de nós. É preciso desentulhá-lo, destapá-lo, abri-lo, limpá-lo, para que comece a brotar do nosso coração crente aquele rio de água viva, que mana e corre, para a vida eterna (Jo 7,38). Multipliquemos os poços, para facilitar o encontro com Cristo, sentando-nos ao lado das pessoas, para tornar presente o Senhor nas suas vidas.

Neste encontro, cara a cara com Cristo, perguntemo-nos: Tenho sede de Deus, como de água para a boca? Procuro encontrar nas profundidades do meu coração um veio de água pura? Ou ando sempre à tona da água, na superfície da vida, na espuma das ondas? Procuro saciar esta sede de Deus nas fontes puras do Batismo, da Palavra, da Eucaristia? Procuro conhecer o dom de Deus, isto é, conhecer Jesus, conversar com Ele, enamorar-me d’Ele?

2. A água que Cristo tem para dar não é a mesma água que pediu à samaritana. Não é uma água que se tira, a custo, do fundo do poço com um balde e se transporta depois num cântaro à cabeça, que um dia lá perde a asa! Não. É a água dada, água pura, água vivente, é o dom, é o presente da própria vida de Deus, que vive e nos faz viver. Esta água é vida, esta água mata a sede de vida plena, de vida amada, de vida transformada, de vida inteira e verdadeira, de vida renovada. Recebemos no Batismo, pela água e pelo Espírito, esta vida que nunca mais acaba. Pelo Batismo, somos mergulhados na torrente do amor divino.

Analisemos bem a qualidade da água do nosso batismo e perguntemo-nos: É ainda água vivente ou é água parada? É água pura ou água inquinada? Estou disposto a banhar-me nas lágrimas da Penitência, para voltar às águas puras do Batismo?

3. Por último, o cântaro. A mulher deixa o cântaro, porque encontrou dentro de si mesma a fonte de água viva. Deixando o cântaro, deixa a sua vida antiga, abraça o presente da vida nova, inicia um caminho novo. E, logo de seguida, a Mulher testemunha, na sua cidade, a graça daquele encontro. Assim, Ela conhece e reconhece, anuncia e testemunha o dom de Deus, que está dentro de si.

Perguntemo-nos: Sou capaz de levar a frescura da água viva do Evangelho, da graça de Cristo, às pessoas da minha casa, da minha terra, das minhas relações? Anuncio alegremente Cristo, com a experiência do meu encontro com Ele ou falo d’Ele como quem «dá água sem caneco»? Sou pessoa-cântaro capaz de dar a beber aos outros da água fresca do Evangelho, recebida de Cristo (EG 86)?

Na verdade, o presente só é abraçado quando é partilhado!“Por que esperamos nós” (E.G.120)?

 

 

 


 

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