Homilia na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus 2022
1. Há pressa no ar!Assim cantamos no belo Hino da Jornada Mundial da Juventude, que marcará indelevelmente o Ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2023. E, nesta Oitava do Natal, junta-se à pressa da Santa Mãe de Deus, a pressa dos Pastores dos Campos de Belém, para ver, saudar e servir o Salvador, que acaba de nascer (cf. Lc 2,15-16). É a pressa de quem quer ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos o que ouviu dizer sobre Aquele Menino. Esta é a boa pressa do caminho de saída de si mesmo ao encontro de Cristo, a boa pressa da salvação a abraçar, a boa pressa do Amado, que o Amor faz correr sem se cansar (cf. Ct 2,8). É a boa pressa de quem sabe colocar as necessidades do outro acima das suas. Quando os nossos passos são habitados por Deus, como os de Maria e os passos dos Pastores, eles conduzem-nos diretamente ao coração de cada um dos nossos irmãos e irmãs. Uma boa pressa impele-nos sempre para o Alto e para o outro! Daqui poderíamos desenhar um primeiro desafio para o novo Ano que hoje começa e para um tempo que passa muito depressa: transformemos a nossa correria de vida em maior prontidão para acolher, escutar e servir os outros. Andemos depressa, sim, mas não passemos ao lado da vida. Evitemos aquela agitação paralisante, que nos leva a viver superficialmente, a tomar tudo levianamente, sem empenho nem atenção, sem nos envolvermos nem concentrarmos verdadeiramente no que fazemos; fujamos daquela má pressa, quando vivemos, estudamos, trabalhamos e convivemos com os outros, sem colocarmos nisso a cabeça e menos ainda o coração. A nossa pressa seja apenas a de quem deseja abreviar o seu próprio tempo, para o oferecer mais generosamente à escuta e ao serviço dos outros. Seria um bom propósito neste início de ano, esforçarmo-nos por encontrar mais tempo para Deus e para o próximo. Se encontrarmos tempo para doar, acabaremos maravilhados e felizes, como os Pastores. Maria, que trouxe Deus ao tempo, nos ensine e ajude a dar o melhor do nosso tempo, para que ele seja sempre conjugado como presente!
2. Abraça o presente!Precisamente, porque o tempo passa depressa, abraça o presente, como Maria, Mãe do Tempo Novo. Maria abraça o presente, que é Cristo vivo, o mesmo ontem, hoje e sempre. N’Ele, Maria abraça a eternidade de Deus, que encarnou na plenitude dos tempos. Maria abraça o presente que é Cristo vivo e nele abraça – como dirá Santo Agostinho, “o presente das coisas passadas, o presente das coisas presentes e o presente das coisas futuras”. Maria – como nos dizia o Evangelho de hoje – «conservava todas estas coisas, ponderando-as em seu coração» (Lc 2, 19). Por outras palavras, Maria tomava tudo a peito, abraçava tudo, ventos contrários e eventos favoráveis. E tudo ponderava, isto é, tudo levava a Deus. Da mesma forma, Maria tem a peito a nossa vida, a tua vida. Ela deseja abraçar o nosso presente, o teu presente, com todas as nossas situações, e apresentá-las a Deus. Ela é a Mãe sempre presente. Maria abraça, com a sua presença materna, o teu presente!
3. Deixa-te então abraçar por Maria, a Mãe de Deus, que te abraça.Deixa que Maria abrace a tua vida! Coloca nas suas mãos os teus sonhos e preocupações, os teus projetos e desejos, as tuas esperanças e os teus votos de paz, para este novo ano. Juntos, rezemos assim:
Santa Mãe de Deus, nós Te consagramos o Ano Novo de 2023. Tu, que sabes guardar todas as coisas no Teu coração, abraça-nos e cuida de nós em todo o tempo. Abençoa o tempo presente e ensina-nos a encontrar tempo para Deus e para os outros. Dá-nos a boa pressa dos teus passos, para sairmos, com todo o tempo do mundo, ao encontro de quem mais precisa. Santa Mãe de Deus, cuida especialmente dos jovens, que são o agora de Deus, com os seus sonhos e anseios, para que recomecem a despertar e a abrir as suas asas e reencontrem o sabor de voar alto.Mãe do Príncipe da Paz, faz-nos acreditar e esperar que sobre o ódio vença o amor, sobre a mentira prevaleça a verdade, sobre a ofensa vença o perdão, sobre a guerra prevaleça a paz. Assim seja!