Liturgia e Homilias no III Domingo do Advento B 2020
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Todos irmãos. Todos de casa! Pode ser que não venham a estar todos os irmãos em casa, neste Natal que se aproxima. Pode ser que estejam muitos em casa e não sejam ainda de casa. Pode ser que a proximidade física não signifique comunhão pessoal. E pode ser que o distanciamento físico promova uma proximidade real, que contagie de amor e torne real e viral o nosso Natal. João Batista está aí, a lembrar-nos que a proximidade não se mede aos palmos e que é preciso endireitar o caminho do Senhor, seguindo a Estrela que para lá nos guia. João Batista não quer ser a Estrela comercial deste Natal. Não tem vocação para vedeta, nem sequer se acha um profeta. Não se tem na conta de salvador da pátria, nem tem a pretensão salvar o Natal de 2020. Este enviado de Deus não vem para ficar e reclamar o seu lugar na história. Vem para preparar e dar lugar ao verdadeiro Messias e Senhor: Jesus Cristo.

Homilia no III Domingo do Advento B 2020

1. O recado de João Batista é muito breve: Ele está próximo! E a mensagem é clara: para O acolher, “endireitai o caminho do Senhor”, mudai de rota, reorientai os vossos passos, redefini a vossa meta, deixai-vos guiar pela Estrela da Fraternidade. Ela conduzir-vos-á ao encontro do Senhor, que vem acampar no meio de vós. Se Ele está próximo, então aproximai-vos d’Ele. E aproximar-vos-eis do Seu Natal, seguireis o caminho direito, que vai direto ao Presépio, se esta proximidade do Natal vos tornar próximos de todos os vossos irmãos e irmãs.

2. Por isso, a palavra-chave, para endireitar o caminho e seguir a rota da Estrela, nesta terceira semana, é a PROXIMIDADE. E esta proximidade é concreta e pessoal: proximidade atenta aos de casa, ao vizinho do lado (cf. FT 51), ao colega de trabalho, aos donos da loja do comércio local, ao proprietário do restaurante ou aos empregados do centro comercial. A todos “os corações atribulados” por esta pandemia da solidão, da incerteza, do luto, da pobreza súbita, do desemprego galopante; a todos os idosos “cativos” há mais de 9 meses em nossas casas e nos nossos lares, aos prisioneiros das cadeias ou presos nas camas dos hospitais, é preciso levar a Boa Nova do Natal. Cuidemos, pois, da fragilidade de cada homem, de cada mulher, de cada criança, dos exilados ocultos (deficientes e idosos) (cf. FT 98), com a mesma atitude de proximidade do bom samaritano (cf. FT 79).O termómetro da proximidade é a nossa atenção aos últimos, aos pobres. Esta proximidade já é anúncio da Boa Nova aos pobres. Assim, já não diremos “quem é o meu próximo”; porque “eu próprio me tornarei o próximo dos outros” (FT 81).

3. Estareis a pensar: mas que proximidade poderemos viver neste Natal, se nos aconselham um distanciamento físico até com os de casa? A pandemia tem forçado muitos lutos relacionais, mas também reinventou formas de proximidade. Permite que te deixe três sugestões:

3.1. Mantém a distância física do teu irmão, da tua irmã, não para te afastares dele ou dela. Não. Dá menos um passo, para assim lhes dares mais espaço. Assim, criarás uma distância que aproxima. A solidão e a proximidade não se medem aos palmos.

3.2. Se não podes tocar o teu irmão, a tua irmã, reaprende o valor da saudação, o estímulo de um cumprimento, a incrível força de um sorriso ou de um olhar. Podes abraçar sem estender os braços, na hospitalidade e no cuidado dos outros. Precisas de proximidade e de distância. Lembra-te: nasceste de uma grande proximidade física, mas precisaste de distância para crescer. Uma pede a outra.

3.3. Se não podes sair de casa ou falar com determinada pessoa de forma presencial, reaprende a seres de casa, a habitares o teu espaço, não vá que estando sempre com muitos te esbarres neles; torna-te próximo dos irmãos através da palavra, da oração, de novas formas de comunicação. Usa as redes sociais não apenas como divertimento ou evasão, mas como canais de presença, de solicitude e de escuta.

4. Por fim, deixa que te diga: se este ano não podes passar a consoada com aqueles com quem desejarias partilhar a mesa e a alegria familiar, não penses que te roubaram o Natal. Não podes mesmo adiar o Natal para outro ano. Vive a graça deste Natal, em novos formatos, em novas linguagens; talvez mais próximo do próximo do que aqueles Natais, porventura cheios de gente ausente, que está em casa sem ser de casa. Sente-te solidário com tantas pessoas, que já passaram, passam e hão passar tantos Natais a cuidar ou a ser cuidadas em lares, hotéis, hospitais, tantas pessoas que estão, na noite de Natal, em postos de vigia, de transporte, de segurança, a garantir serviços essenciais.

5. O Natal está próximo. Faz-te próximo do Natal. A proximidade com os teus irmãos e irmãs é, pois, a melhor forma de contágio positivo, para que este Natal aconteça e se torne viral! Todos irmãos. Todos de casa!

 

 

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