Liturgia e Homilias na Solenidade da Imaculada Conceição 2020
Destaque

Todos irmãos. Todos de casa. Sob este lema, vivemos o Advento, na expetativa da vinda do Senhor. Neste terceiro dia da segunda semana do domingo do Advento, celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição, pondo os olhos em Maria, a quem Deus escolheu para ser a digna morada de Seu Filho. Que quer dizer «Imaculada Conceição»? Quer dizer que não houve momento nenhum da existência de Maria, em que ela não fosse cheia de graça, inteiramente santa, sem mancha de pecado. Ela foi sempre fiel ao amor de Deus; Ela disse-Lhe sempre «sim». Por isso, Ela é a nossa Estrela da Santidade.

Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição 2020

 

1. No início do Advento, recordávamos que a fraternidade autêntica, que nos faz “todos irmãos” tem a sua raiz na paternidade de Deus. Porque temos um só Pai somos verdadeiramente irmãos (Mt 23,8). Por isso – dizíamos – uma fraternidade autêntica só é alcançável com uma abertura do nosso coração a Deus, o Pai de todos nós (cf. FT 272; DCE 19).

 

2. Hoje, ao celebramos a beleza e a santidade da Virgem Maria, a Liturgia da Solenidade da Imaculada Conceição vem dizer-nos isto: Deus Pai, que nos faz irmãos, também quis ter uma Mãe. Mais ainda: Deus nosso Pai quis oferecer-nos a todos, com o dom de Seu próprio Filho, a graça de uma Mãe. Para quê? Para que nunca nos sentíssemos estranhos, filhos de uma mãe incógnita, mas todos irmãos, todos filhos. Para estabelecer esta nova fraternidade, Deus olhou para Maria, escolheu-A, preparou-A e preservou-A de toda a mancha do pecado. Maria é a «cheia de graça», inteiramente habitada por Deus. N’Ela não há sombra de pecado. Só assim, Maria poderia tornar-se a primeira e a mais digna morada do Filho de Deus, onde o Filho de Deus Se faz Homem e é de casa.

 

3.  Doravante, sabemo-lo: somos todos irmãos, não apenas porque temos um mesmo e único Pai. Somos todos irmãos, porque temos uma mesma e única Mãe: Maria. Daí que, para nós, cristãos, este caminho de fraternidade tenha também uma Mãe, chamada Maria(cf. FT 278).Na Cruz, Maria receberá esta maternidade universal para cuidar não só de Jesus, mas também de todos nós, seus filhos.

 

4. “Eis a tua Mãe” (Jo 19,26), diz-nos, aqui e agora, Jesus a cada um, como se nos pedisse: “olha para Maria, tua Mãe; recebe-a entre as tuas coisas mais próprias; tem-n’A entre os teus bens mais pessoais; toma-A a peito como teu tesouro mais precioso. Guarda Maria no teu coração, na tua Casa, na tua família, para que Ela te guarde, te eduque e te modele, até que Cristo esteja plenamente formado em ti”.

 

5. Neste caminho da fraternidade, que estamos a percorrer, Maria, nossa Mãe, é a nossa Estrela, “Aquela que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha” (GE 176). Neste Advento, saibamos acolher Maria em nossa casa, não como uma imagem decorativa, entre tantas outras. Saibamos receber Maria, como Mãe “de casa”, como a Mãe da nossa própria Casa, para aprendermos d’Ela a dizer «sim» à presença do Senhor (“Say Yes”), que quer nascer precisamente em nossa Casa; para aprendermos d’Ela a levantarmo-nos (“Raise up”) para sairmos de casa ao encontro de quem mais precisa; para aprendermos d’Ela a acompanharmos a vida, a sustentarmos a esperança, a lançarmos pontes, a abatermos muros, a semearmos reconciliação (FT 276); para aprendermos d’Ela a guardar, a proteger e a cuidar da vida de cada pessoa, a quem Jesus chama “meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50). Com Jesus e connosco, Maria quer, mais que todos, mais do que nunca, dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, um mundo onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, um mundo mais digno, sem fome, sem pobreza, sem violência, onde resplandeçam a justiça e a paz (cf. FT 278) para sempre.

 

6. Nestes dias difíceis de confinamento, rezemos a Maria, a Mãe Imaculada:

 

Mãe da fidelidade e da ternura, fica nas nossas casas.

Fica na Casa comum da nossa família e do nosso mundo, ó Estrela da Santidade. 

Se nos momentos de escuridão, ó Imaculada Conceição, Tu estiveres junto de nós

e nos disseres que também esperas o parto de um mundo mais fraterno,

então enxugar-se-ão as nossa lágrimas e, juntos,

despertaremos a aurora de um Natal viral, um Natal nunca visto,

onde somos todos necessários,

todos importantes, “todos irmãos, todos de casa”.

 

 


 

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