Liturgia e Homilias no I Domingo do Advento A 2020
Destaque

Todos irmãos. Todos de casa. Todos irmãos é o propósito que nos guia, desde este primeiro Domingo do Advento até à conclusão do tempo do Natal, com a Festa do Batismo do Senhor. Ao longo destas 10 celebrações, iremos aprofundar a consciência e a experiência, a graça e a exigência, desta fraternidade humana e cristã. Esta fraternidade tem a sua raiz no amor do Pai, que enviou ao mundo o Seu Filho e assim nos fez irmãos. Todos de casaé o ideal que sonhamos para cada pessoa, que habita a nossa Casa Comum, seja a Casa da família, seja a casa da Igreja, seja o mundo em que vivemos. A família, a Igreja e o mundo ganham “quando cada pessoa, cada grupo, se sente verdadeiramente de casa” (FT 230).

Homilia no I Domingo do Advento B 2020

 

1. “Vós, Senhor, sois nosso Pai” (Is 63,16)! É a nossa primeira palavra, neste Advento de 2020. A Deus Pai se dirige o grande suspiro da alma, o clamor e a esperança, o desejo e a ânsia de todos os filhos pecadores, neste tempo de tantas vidas levadas, como folhas, pelo vento da pandemia. “Oh se rasgásseis os céus e descêsseis” (Is 63,19) é a nossa prece dirigida ao Pai, princípio e fim da nossa salvação. Mas é uma prece que, em rigor, já foi atendida. Porque o Pai rasgou os céus. Deus já desceu até nós, ao enviar ao mundo o Seu Filho Jesus Cristo. E, n’Este Filho, tornou-nos a todos irmãos. Todos irmãos, porque todos filhos de um único Pai! A raiz da nossa fraternidade – todos irmãos – está, por isso, contida nesta paternidade de Deus, no Seu Amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto por cada um dos Seus filhos. Podemos, em virtude da razão, aceitar a igualdade entre nós e, com boa vontade, é possível estabelecer uma convivência livre e pacífica entre pessoas. Mas a fraternidade autêntica, o espírito e a prática de irmãos, só é alcançável com uma abertura do coração ao Pai de todos nós (cf. FT 272; DCE 19). Rezar todos os dias o Pai-Nosso é a melhor forma de tomarmos consciência de que já somos todos irmãos, mas que é preciso ainda convertermo-nos todos os dias até nos tornarmos irmãos de todos!

 

2. Diz a quase parábola do Evangelho que, o dono da casa, ao partir, nos deixou o encargo de velar por ela, até ao seu regresso. A nossa missão, entre a primeira e a última vinda do Senhor, é a de fazer desta Casa do Pai uma Casa de irmãos, uma Casa Comum, onde ninguém é estranho ou de fora, mas onde cada um «é de casa», onde cada um tem o seu lugar e cumpre fielmente a sua tarefa. Ao dar-nos plenos poderes, o dono da casa responsabilizou-nos pelo cuidado desta Casa Comum, mas não nos tornou donos disto tudo, pois continua a chamar-nos servos, para que permaneçamos humildes servidores do bem comum. O cuidado da Casa comum – seja esta Casa o lugar da família, ou da Igreja, ou do mundo que habitamos – exige uma grande vigilância, feita de atenção e de compromisso. Se não estivermos atentos aos sinais de alarme que o mundo nos dá, se não nos empenharmos no cuidado da nossa Casa Comum, acabaremos por ser surpreendidos pelo grito da Terra, como por exemplo, pela devastação de um vírus, que chegou, sem aviso. Cuidemos então da Terra, nossa Casa Comum, como da própria casa familiar. Quando falhamos na preservação da Terra, falhamos também no cuidado dos nossos irmãos. Como sinal deste compromisso, poderíamos construir, em família, na Escola, no Lar, na Igreja, um Presépio ecológico. Façamo-lo a partir de materiais recicláveis, com a reutilização criativa de materiais “de casa”.  É um modo fraterno de cuidar da nossa Casa Comum.

 

3. “Todos irmãos. Todos de casa” é o nosso lema. Ao prepararmos o Presépio no interior da nossa casa, coloquemos também, do lado de fora, na janela, na porta, na varanda, no jardim, uma Estrela. A Estrela indicará, aos que que passam e procuram a Deus, que ali, na nossa casa, está o lugar onde Jesus quer nascer e crescer. O Presépio, por dentro, ou a Estrela, por fora, ou a Estrela como base do Presépio, devem indicar que Jesus Se vai tornar, na tua família, Alguém “de casa” e não um convidado de alguns dias especiais. É Ele, o Senhor, o Dono e o Anfitrião, o Hóspede e o Irmão de todos. Para chegarmos aí, rezemos em família um pouco mais, celebremos juntos uma liturgia familiar, que prepare ou prolongue a celebração do dia do Senhor. Aproveitemos as restrições da pandemia para alargar o tempo e o espaço da nossa Casa ao Senhor. Ele vem e quer ser de casa, de modo a fazer crescer cada família como Igreja doméstica.

 

Se assim for, poderemos dizer, com verdade, que, na nossa família, Jesus é de casa e a nossa casa tornar-se-á então uma Casa aberta do Pai, onde não há inimigos, rivais ou concorrentes, mas onde todos são irmãos e irmãs, onde todos são de casa!

 


 

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