Liturgia e Homilias na Solenidade de Todos os Santos 2020
Destaque

A alegria deste domingo, dia da Ressurreição, é coroada com a beleza da esperança que celebramos nesta Solenidade de Todos os Santos. A vida dos santos serve-nos de exemplo, no seguimento feliz de Jesus. Na comunhão com os santos formamos uma família. Junto de Deus, os santos intercedem por nós, para que possamos vencer o bom combate da fé e receber com eles a coroa da vida eterna.  Esta é, pois, uma celebração que nos diz respeito a todos e a cada um. Diz respeito a todos os batizados, que foram santificados e regenerados em Cristo! Diz respeito a cada um, escolhido pelo Senhor “para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (cf. Ef 1,4). O nosso coração eleva-se hoje para esta medida alta da vida cristã comum, quando se vê rodeado por uma nuvem de testemunhas, “que nos estimulam a correr para a meta” (GE 3). São os santos, de antigamente e de longe, mas também os santos de hoje e de “ao pé da porta, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus” (GE 7).Os santos foram o que nós somos e nós somos chamados a ser o que eles foram.

Homilia na Solenidade de Todos os Santos 2020

1.Na tua lista de Todos os Santos não imaginarás, por certo, um santo vestido de calças de ganga, fato de treino, calçado com ténis da Nike? Não te passará pela cabeça um santo que dança, canta, ri, que gosta de internet e de jogar playstation?! Pois é. Mas ele existe. O jovem Carlos Acutis foi beatificado no passado dia 10 de outubro, em Assis. Nasceu em Inglaterra, em 1991, mas cedo regressou a Itália. Uma leucemia fulminante levou-o à morte, em 2006, quando tinha apenas 15 anos de idade. Foi sepultado na cidade de Assis, por seu desejo e devoção a São Francisco.

2.Aos sete anos, Carlos fez a sua Primeira Comunhão e, desde então, nasceu nele um profundo amor pela Eucaristia. “A Eucaristia – dizia ele – é a minha autoestrada para o Céu”. Sua mãe, Antónia, que não era praticante, testemunha-o: “O meu filho, desde pequeno, e sobretudo depois da sua Primeira Comunhão, nunca faltava à missa diária e à oração do rosário, seguidos por um momento de adoração eucarística”. Aos onze anos, Carlos escreveu: “Quanto mais Eucaristias recebermos, mais nos pareceremos a Jesus e ainda nesta terra desfrutaremos do Paraíso!” Esta paixão levou-o a investigar tudo o que se relacionava com a Eucaristia, especialmente os milagres eucarísticos, organizando uma exposição na internet. Para amar as pessoas e fazer o bem, era necessário procurar a fonte do amor, no encontro íntimo e pessoal com o Senhor.

3.Carlos Acutis não trajava vestes brancas nem tinha palmas na mão; era um jovem normal, singelo, espontâneo, simpático (basta olhar para a sua fotografia), amava a natureza e os animais, jogava futebol, tinha muitos amigos da sua idade, sentiu-se atraído pelos meios modernos de comunicação social; era um apaixonado pela informática e, como autodidata, construiu programas para transmitir o Evangelho, comunicar valores e beleza.O seu ardente desejo era o de atrair o maior número de pessoas para Jesus, fazendo-se anunciador do Evangelho, sobretudo com o exemplo de vida. Na Exortação Apostólica dedicada aos jovens, o Papa Francisco aponta-o como exemplo (cf. CV 104-107), dizendo que “ele soube usar as novas técnicas de comunicação para transmitir o Evangelho, para comunicar valores e beleza”. E cita a frase do jovem beato: “Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias”, para te exortar: “Não deixes que isto te aconteça” (CV 106).

4.Carlos, sendo de família rica, mostrou um grande amor ao próximo. Foi sempre acolhedor com os necessitados e quando ia à escola e os encontrava na rua detinha-se a falar com eles, escutava os seus problemas e, na medida do possível, ajudava-os. “Estar perto do Carlo era estar junto de uma fonte de água fresca”, diz a sua mãe.

5.Carlos adotou o infinito como meta para a sua vida. “A nossa meta deve ser o infinito, não o finito. O Infinito é a nossa Pátria. O Céu espera-nos desde sempre”, repetia o adolescente. Por isso, viveu a enfermidade e a morte com serenidade. Abandonou-se entre os braços da Providência e, sob o olhar materno de Maria, repetia: ‘Quero oferecer todos os meus sofrimentos ao Senhor pelo Papa e pela Igreja. Não quero ir para o Purgatório, quero ir direto para o Céu’”. Grandiosa a sua esperança!

6. Afinal, quem usa calças de ganga, fato de treino e anda pela internet, também pode ser santo! Os santos “de ao pé da porta” (GE 6)andam por aí, vestidos de forma comum; comem, dormem, estudam, trabalham, andam de carro ou transportes públicos, são pais, são mães, são adolescentes e jovens apaixonados, são os heróis escondidos nos bastidores da luta contra a pandemia. Carlos mostrou-nos que a fé não nos afasta da vida, mas imerge-nos profundamente nela, para a tornar plena.

7.À vista desta medida alta da vida cristã comum sentes-te um pecador! “Invoca o Espírito Santo e caminha, confiante, para a grande meta: a meta da santidade. Assim, não serás uma fotocópia; serás plenamente tu mesmo” (CV 107). Por fim, escuta o apelo do mais jovem beato da Igreja: “Se queres ser santo, deves querê-lo com todo o teu coração. E se esse desejo ainda não tiver aflorado no teu coração, deves pedi-lo com insistência ao Senhor”.

 

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