Liturgia e Homilias no XXVIII Domingo Comum A 2020
Destaque

Somos felizes, porque somos convidados para a mesa do Senhor. À mesa da família, em nossa casa, ou à mesa da Eucaristia, na nossa Casa comum, celebramos a alegria do amor em família, a alegria do amor de Deus por nós. Na Eucaristia, participamos no banquete nupcial, em que o próprio Filho Se oferece no Seu amor por nós. O nosso Deus é um Deus da alegria, do amor, da dança e da abundância, do banquete e da festa, da convivialidade e da comunhão. Celebremos, à mesa do Senhor. Revistamo-nos, desde já, do traje nupcial, da alegria do amor e da comunhão, para participarmos dignamente do banquete eucarístico.

Homilia no XXVIII Domingo Comum A 2020

 

1. Mais um convite e mais uma recusa. Desta vez, o convite não é para trabalhar na vinha, nem tampouco para participar numa cerimónia religiosa. Trata-se de um convite, da parte do rei, para partilhar o banquete nupcial preparado para o seu filho. Tudo pronto, tudo de graça, tudo do melhor, comida e bebida em abundância! Surpreendentemente, os convidados não querem saber do rei que convida e, mesmo conhecendo a ementa, rejeitam o convite a participar no banquete, naquela celebração festiva marcada pela alegria do amor, da convivialidade, da gratuidade. Os primeiros convidados, “sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio”.

2. Isto é gente para quem o dever é mais importante do que a festa; gente para quem o que não se paga não tem valor nenhum; gente ocupada com as suas urgências profissionais, sem tempo a perder para estar, sem tempo para os outros, sem espaço para a alegria da convivialidade, do encontro, da festa. Avessos ao ócio, para estes convidados a mesa só serve para negócios. Não têm tempo a perder, porque tempo é dinheiro. E, com isso, não se dão conta de estar a perder o melhor da sua vida. De facto, o que de mais precioso se pode oferecer a alguém, neste mundo apressado, é o tempo. É o tempo que gastamos com os outros, que tornam os outros tão importantes para nós!

3. Esta parábola pode ser uma ilustração desta gente, que somos nós mesmos. Não seremos nós gente assim, mais afeita ao ofício da missa de 7.º dia do que feita para a alegria do 8.º dia, o dia do Senhor? Não seremos nós gente com cara de funeral (cf. EG 10), mais predisposta ao sacrifício do que bem-disposta, para a alegria do Evangelho? Não seremos nós gente pronta a pagar tudo, mas incapaz de receber ou de fazer de graça, seja o que for? Não seremos nós, porventura, gente que veste mais depressa a farda do trabalho do que o fato domingueiro para a Missa? Não será que a própria celebração da Eucaristia dominical nos causa fastio, precisamente pelo facto de a termos em abundância, por ser de graça, por ser de festa, por ser um tempo gratuito, sem fins lucrativos e sem benefícios fiscais?

4.       Estamos no mês do “outubro missionário” e no início da semana de oração pelas missões. Gostaria de sugerir três gestos gratuitos de missão:

4.1.   Convidemos os nossos familiares e amigos a voltar com alegria ao banquete da Eucaristia (se, de todo, não puder ser ao domingo, que seja num outro dia). Nenhuma transmissão da celebração se pode equiparar à participação pessoal na Eucaristia. Ninguém se alimenta através dos écrans, vendo os outros a comer. Este contacto físico com o Senhor, que Se fez Carne, que se faz Pão da Vida, é vital, indispensável, insubstituível, para nós.

4.2.  Deixemos o Senhor Jesus fazer-nos «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (EG 20). Não cedamos à tentação de convidar os do costume, os que têm boa cara, os que já estão em todas. Somos os primeiros convidados para convidar os últimos. Deixemo-nos surpreender pela alegria da resposta.

4.3.  Por último: saibamos “perder tempo” com o que não dá dinheiro! Tempo para uma conversa paciente com quem está mais só. Tempo para o cuidado atento de um doente ou idoso. Tempo para um serviço concreto à comunidade paroquial, que vive do tempo da dedicação pessoal.

5. Irmãos e irmãs: ressoa, para todos, sem exclusão, da parte de Deus, esta pergunta-convite ao profeta Isaías: “A quem enviarei?”. Seja nossa a sua pronta resposta:“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), para qualquer lugar, para qualquer serviço, onde for preciso e da melhor vontade!

 

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