Liturgia e Homilias na Festa da Apresentação do Senhor 2020
Destaque

A Luz do Natal cercou os Pastores naquela noite bendita e Maria e José apresentaram-n’O como Salvador. A Estrela guiou os Magos e Jesus foi-lhes apresentado, por Maria e José, como Luz de todos os povos. João deu testemunho da Luz e apresentou Jesus aos pecadores como o Cordeiro de Deus. Jesus apresentou-Se na Galileia dos gentios e então uma luz se levantou. Hoje, 40 dias depois do Natal, a Liturgia faz-nos regressar a outra apresentação: o foco de luz está no Menino, apresentado no Templo por Maria e José. Simeão, cheio do Espírito Santo, deixa-se iluminar pelo Menino, Luz para Se revelar às nações.

Homilia na Festa da Apresentação do Senhor 2020

1.Já lá vão 40 dias, desde o Natal, e continuam as «apresentações» de Jesus: em Menino, foi apresentado como Salvador aos pastores e como Luz dos povos aos Magos. Já adulto, Jesus foi apresentado por João à multidão dos pecadores como Cordeiro de Deus. Uma luz se levantou quando Jesus Se apresentou na Galileia dos pagãos. Hoje, puxamos um pouco a fita atrás, para compreender o que irá suceder mais à frente. É a primeira vez que Jesus, o Filho de Deus, entra no Templo. Um Menino diante dos grandes chefes da religião. Uma criança oferecida pelos pais ao Senhor. Uma criança apresentada à comunidade dos crentes. Nesta festa do encontro, Simeão apercebeu-se de que não é um menino qualquer que tem nos seus braços. É o Messias, o esperado. É o Salvador, o desejado. E por isso, sente-se feliz. E, no seu hino de louvor, reconhece: Cristo é a luz das nações. Cristo é o Salvador. A partir daí toda a sua vida fica iluminada por um sentido novo. Jesus é uma luz que ilumina todos os que desejam a Deus. Porém, Jesus é também uma luz que cega os que não querem ver. Por isso, Jesus será sempre um sinal de contradição! Não escapará o Filho à Cruz nem a Mãe à espada da dor!

2.A Festa da Apresentação do Senhor ajuda-nos, neste ano pastoral, a refletir na graça do Batismo. Também nós um dia fomos trazidos ao Templo. Também nós um dia fomos apresentados, para sermos dados à comunidade e acolhidos no seu seio materno. Também nós um dia fomos oferecidos ao Senhor. Foi no dia do nosso Batismo. Todavia o Batismo cristão não é uma mera inscrição, uma formalidade, uma simples apresentação à comunidade, uma entrada no Templo. O Batismo é o nosso primeiro encontro com a luz e a vida do Senhor, que ilumina a nossa vida. Por isso, disse o Papa há dias: “Batizar uma criança é um ato de justiça para com ela. E porquê? Porque nós, com o Batismo, damos-lhe um penhor: o Espírito Santo. A criança sai do Batismo tendo dentro de si o poder do Espírito Santo: o Espírito que a defenderá, que a ajudará durante toda a sua vida. Por isso é muito importante batizá-la quando é pequenina, para que cresça com a força do Espírito Santo” (Papa Francisco, Homilia, 12.1.2020), para que não caminhe às cegas, mas na luz do Senhor.

3.Desde o Batismo, o Espírito Santo ilumina-nos com a Luz de Cristo. Como sinal expressivo desta graça é acesa uma vela no círio pascal. O Celebrante diz então: «Recebei a Luz de Cristo. A vós, pais e padrinhos, se confia o encargo de velar por esta luz para que os vossos pequeninos, iluminados por Cristo, vivam sempre como filhos da Luz, perseverem na fé e, quando o Senhor vier, possam ir ao seu encontro, com todos os santos, no reino dos Céus». A vela batismal é, pois, o símbolo da iluminação da fé, que nos é concedida no Batismo. Sob esta luz deverão caminhar, desde a mais tenra idade, os fiéis batizados, ajudados pelas palavras e pelo exemplo dos pais, dos padrinhos, dos avós e da comunidade inteira.Não esperemos pelos seis ou sete anos para começar este caminho de luz. É importante trazer as crianças ao templo, às celebrações, mesmo quando são bebés, para que a linguagem da fé da Igreja se torne para elas uma língua materna. Se chorarem, não faz mal! Que bela é a oração, que belo é o coro, que belo é o sermão, quando se ouve uma criança chorar na nossa Igreja!

4.Irmãos e irmãs: somos iluminados pela luz da fé, desde o nosso Batismo. Somos chamados a iluminar os outros com os nossos pequenos gestos de doação, com as nossas pequenas palavras da fé. Façamo-lo como Maria, Nossa Senhora da Candelária, que levou esta Luz da esperança a todos os homens, a começar pelos mais sós, pelos mais velhos, pelos anciãos, para que vivamos como filhos da luz e sejamos astros luminosos na escuridão do nosso tempo.

5.Reacendamos hoje a nossa vela, na grata memória do nosso Batismo. E rezemos, cheios de confiança: “Pai, Filho, Espírito Santo: que esta luz da fé, frágil e pequenina, nunca se apague. Que esta luz brilhe e se propague através de mim, e assim irradie por toda a parte a Vossa bênção. Ámen”.

 

 

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