Liturgia e Homilias no XX Domingo Comum C 2019
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Nem a crise energética nos livra do fogo que Jesus traz à Terra e que nos faz levantar do lodo fresco das nossas comodidades. Mas é assim mesmo. A corrida da fé continua a subir e a exigir cada vez mais. Fitemos os olhos em Jesus, o guia da nossa fé, e imploremos, para nós e para todos os irmãos, a graça do alimento que nos fortalece e anima, que nos dá a força da perseverança e da resistência. Invoquemos a misericórdia do Senhor.

Homilia no XX Domingo Comum C 2019

1. Continuam as corridas e correrias de agosto! Na recente celebração da Assunção da Virgem Maria, aprendemos a ir depressa, a correr e a percorrer, sem mais delongas, um caminho de saída e com saída para a vida verdadeira. Hoje, somos desafiados, ainda e sempre com Maria e como Ela, a seguir Jesus, no Seu Caminho, que é, em certo sentido, um caminho de descida e de mergulho no abismo do nosso pecado, mas é também para Jesus, e na perspetiva do Pai, um caminho de subida para Jerusalém, lugar da Sua entrega na Cruz, da Sua morte e Ressurreição.

2. Para esta corrida, o autor da Carta aos Hebreus dá-nos certeiro o tiro de partida: “Ponhamos de parte o fardo e pecado que nos cerca e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós” (Heb 12,1-2). Não se trata de jogos de água, nem de uma luta livre em lume brando, mas de um combate de fogo, que nos consome e devora, para fazer ressurgir da própria vida, queimada pelos outros, a vida recebida como herança. Não se trata de uma corrida de curto alcance, mas de uma corrida de fundo, de uma corrida com obstáculos e barreiras, com ventos contrários, que pedem resistência e resiliência, até ao suor, lágrimas e sangue.

3. Bem sei que não é apetecível deixar-se incendiar por este “fogo”, sobretudo quando o verão nos convida a mergulhar em águas refrescantes ou nos tenta a escorregar no lodo do vazio espiritual ou nos seduz a deslizar no lamaçal de uma desordem moral. O tempo de férias pode e deve constituir uma pausa no caminho, para o necessário e merecido descanso do guerreiro, para sairmos da vertigem das vias rápidas e voltarmos aos trilhos pacientes da terra batida. Mas cuidemo-nos, porque o fogo do verão tanto nos pode queimar, num programa de evasão, como oferecer a possibilidade real do encontro, do mergulho profundo no oceano do nosso próprio mistério, da nossa grandeza e da miséria, da inteireza do que somos.

4. Também no verão de 2019, os cristãos não podem deixar de ser, no mundo e para o mundo, um sinal de contradição (Lc 2,34). Não nos deixemos, pois, enganar por uma paz podre, por uma evasão ou solução de compromisso, que nos desfigura, ou por uma falsa aceitação da diferença, que nos dilui ou dissolve na espuma das palavras. É importante que fiquem bem marcados e demarcados, também nos passos dos nossos caminhos de verão, as pegadas de Jesus, o guia da nossa fé e autor da sua consumação.

5. Segundo um dito de Jesus: “Quem está próximo de Mim está próximo do fogo; quem está longe de Mim, está longe do Reino” (Orígenes). Quem aceita incendiar o mundo com este fogo do Espírito Santo também é capaz de respeitar e se demarcar da linha vermelha que separa e divide, até no seio da família, os que foram batizados no fogo de Cristo dos que foram batizados em águas passadas! No verão, fique ainda mais clara esta linha de divisão!

 

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