Liturgia e Homilias - XVIII Domingo Comum 2019 (3 e 4 de agosto)
Destaque

A iniciar o mês deagosto, vêm a contragosto as advertências do sábio Coelet, do apóstolo Paulo e do único Mestre, que é Jesus Cristo. Talvez estivéssemos à espera, em tempo de férias, de uma Palavra mais suave, mais deslizante. Mas não. A Liturgia da Palavra não nos vende ilusões de verão e enche de sabedoria o nosso coração. Pela insensatez em que, tantas vezes, caímos, invoquemos a misericórdia do Senhor:

PÁROCO AUSENTE. SUGESTÃO DE REFLEXÃO:

Comentário a partir de Ermes Ronchi

 

1. “O campo de um homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens” (Lc 12,16-18).Assim poderei acumular e descansar regaladamente.

E podíamos perguntar a este homem insensato: «E se depois encheres também os novos celeiros, que farás? Demolirás outra vez e outra vez reconstruirás?! Com cuidado construir; depois com cuidado demolir: haverá coisa mais insensata, mais inútil? Se queres, tens celeiros: estão nas casas dos pobres» (São Basílio).

Não por acaso, o rico da parábola diz sempre «eu» (eu deitarei abaixo, eu construirei, eu colherei...); ele usa sempre o artigo possessivo «meu»: os meus bens, as minhas colheitas, os meus armazéns, a minha alma. Nenhuma outra pessoa entra no seu horizonte de vida. É um homem sem abertura, sem brechas, sem generosidade, privado de relações, sem afetos. A sua vida não é vida. Com efeito, é um tolo, que se julga esperto e seguro. Por isso, adverte-o Deus, nesta parábola: “Esta noite terás de Me entregar a tua alma» (Lc 12,20).

2. Jesus não evoca aqui a morte como uma ameaça para nos fazer desprezar os bens da Terra. O Evangelho não contesta o desejo de gozar das breves alegrias do caminho, como queria fazer o rico. Jesus não estende um véu de triste ou de recusa sobre as coisas do mundo, como se quisesse que perdêssemos o interesse pela vida, Jesus não diz que o pão não é bom, nem diz que o bem-estar é um mal.

3. Não. O que Jesus diz é que nem só de pão vive o homem. Ou seja, que o homem morre se viver só de pão, se viver só de bem-estar, se viver de coisas e mais coisas. Jesus diz-te, a ti mesmo, que a tua vida não depende do que possuis, não depende daquilo que tens, mas daquilo que dás. A vida vive de ser dada! Só somos ricos daquilo que damos. Nas colunas do "haver" só encontraremos, no fim, aquilo que perdemos por alguém. Lembremos a advertência de São Basílio ao rico: «Se queres, tens celeiros: estão nas casas dos pobres».

4. Irmãos e irmãs: este homem rico criou um deserto à sua volta. Está só, isolado e sufocado no centro dos seus armazéns cheios. Nenhum outro é nomeado, ninguém em casa, nenhum pobre à porta, ninguém com quem partilhar a alegria da colheita. As pessoas contam menos do que sacos de grão. Não vive bem. Jesus pretende assim responder a uma pergunta global de felicidade, que se alimenta de, pelo menos, duas condições: esta felicidade nunca pode ser solitária e esta felicidade está mais em dar do que em receber.

5. Irmão, irmã: queres viver uma vida plena? Não a procures no mercado das coisas ou na bolsa de valores: as coisas prometem o que não podem dar. As coisas têm um fundo e o fundo das coisas está vazio! Procura-a nas pessoas. Muda o teu desejo. Quem acumula tesouros para si não se enriquece junto de Deus. A alternativa é clara: quem acumula "para si", morre lentamente. Quem enriquece junto de Deus, acumulando relações boas, dando em vez de reter, encontrou o segredo daquela vida verdadeira, que jamais se extingue.

Que os ensinamentos da Palavra deste dia nos ajudem a aspirar às coisas do alto e a reencontrar a sabedoria do coração!

 

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