Oração em família
1. O valor da vida e o amor ao próximo continua a impor-nos o sacrifício da assembleia do Dia do Senhor com a participação presencial e a comunhão sacramental na Eucaristia e não só. Não sabemos até quando durará este jejum.
2. Esperando que, com a melhoria geral das condições de saúde, esta privação possa terminar o quanto antes, não esquecemos, contudo, que cada família é «Igreja doméstica» e cada lar cristão, comunidade de vida e de amor, é lugar sagrado onde se recebe e se dá a bênção, onde o diálogo se abre à oração e a caridade é o fogo do Espírito que alimenta a doação e acolhimento mútuos, essência do sacrifício espiritual que todos os batizados devem oferecer ao Pai, por Cristo Redentor, na unidade do Espírito Santo.
3. A oração pessoal e familiar não é nem pode ser um «extra» para compensar a privação do culto público e comunitário, em tempos de exceção. Deve ser o normal de qualquer batizado e de qualquer família cristã, com os seus tempos, ritmos, rotinas e festas. Não substitui nem supre a participação nos tempos, ritmos e festas da comunidade cristã alargada. Nem estas a dispensam.
4. Estas propostas de oração são uma simples oferta de materiais para ajudar as nossas famílias a viverem este tempo de salvação, que é a Quaresma, em sintonia orante com toda a Igreja. Cada família usará estes subsídios com plena liberdade, integrando-os na sua própria caminhada em harmonia com o seu jeito de rezar, aprendido dos pais e dos avós. Cada família, portanto poderá adaptar o esquema conforme as necessidades. A oração pode ser guiada umas vezes pela mãe e outras pelo pai (G). As respostas dos presentes são sinalizadas com a sigla R. Quem vive só adaptará o esquema à sua situação.
5. Convém escolher na casa um espaço adequado para e rezar juntos com dignidade e recolhimento. Onde for possível, prepare-se um pequeno «recanto da oração» (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2691) ou, pelo menos, um canto da casa onde neste tempo de Quaresma, se coloca a Bíblia aberta, uma cruz e, se possível, uma vela num castiçal ou uma candeia. Sugere-se também a colocação de uma arca – que pode ser feita pelos mais novos, de matérias recicladas – de onde se retirará o tesouro familiar de cada semana e onde se pode ir depositando o fruto das privações voluntárias a transformar em oferta de amor ao próximo.
6. A oração pode também fazer-se reunindo a família em redor da mesa da refeição, porventura já posta para o repasto familiar, ou adornada com uma toalha, uma bíblia e uma vela.
7. O dia a privilegiar para a oração comum familiar é o Domingo. Mas em todos os dias pode e deve haver algum momento de oração. Na Quaresma recomendamos, por tradição, as quartas e sextas-feiras. Permitimo-nos sugerir a oração do terço ou de algum dos mistérios do Rosário; a oração da Via Sacra ou, pelo menos, de algumas estações; alguma oração devota a São José, particularmente neste ano que lhe é dedicado, etc.
8. As sextas-feiras da Quaresma, memória semanal da Paixão de Cristo, devem ser vividas com espírito de penitência. O jejum que mais agrada a Deus é o dos vícios e o de tudo o que diminui a liberdade das pessoas. Cada família dialogará as renúncias e privações voluntárias a fazer em comum ou em particular por cada membro, tendo em conta a saúde, idade e ocupação de cada qual. Deverá também dialogar sobre a finalidade caritativa a dar ao fruto dessas renúncias: contributo penitencial para os fins divulgados pelo Bispo diocesano, apoio a alguma causa ou instituição de solidariedade, ajuda concreta em situações mais próximas, etc.