Celebramos hoje, de modo festivo, o Domingo da Palavra. No dia 30 de setembro de 2019, memória litúrgica de São Jerónimo, o Papa Francisco fixou esta data para o Domingo da Palavra: precisamente o dia em que a Igreja celebra o III Domingo do Tempo Comum (Motu proprio Aperuit illis, n.º 3).  O Papa já tinha esclarecido o objetivo deste Domingo da Palavra: “Seria conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura: um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu povo” (Papa Francisco, Bula Misericordia et Misera, n.º 7). Vamos, por isso, nesta celebração, comprometer a nossa vida com esta Palavra e, à luz desta Palavra, rever toda a nossa vida.

Entramos no Tempo Comum. Mas o Evangelho deste domingo completa ainda o tríptico da manifestação: primeiro, aos Magos, depois, no Jordão e, por fim, nas Bodas de Caná: ali, Jesus manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele. Por isso, ao Tempo Comum, que agora começa, não falta a alegria da salvação, que começa por ser a alegria do amor conjugal, a alegria do amor em família. Há esta alegria em abundância, precisamente ali onde se manifesta a presença de Cristo e onde o Seu Espírito nos transforma com a abundância dos seus dons. Nós vivemos esta alegria, em cada domingo, no primeiro dia da semana, por causa da ressurreição de Jesus ao terceiro dia. Ora foi ao terceiro dia, que Jesus deu início aos Seus sinais, nas bodas de Caná, transformando a água das talhas da purificação em vinho novo da alegria messiânica. Invoquemos a sua graça, para que transforme a água inquinada dos nossos pecados em vinho novo de uma vida transformada.

Desde o 1.º domingo do Advento até à Festa do Batismo do Senhor, que hoje mesmo celebramos, pusemos pés ao caminho, juntos pelo Natal. Procurámos viver esta dinâmica, para um Natal sinodal, com um desafio, domingo a domingo, festa a festa, solenidade após solenidade. Até ao Natal, calçámos, sujámos e limpámos os sapatos, tirámos a pedra e gastámos a sola dos sapatos. Do Natal em diante, descalçámos os sapatos, mudámos de sapatos, demos brilho aos sapatos. Hoje, em que celebramos a Festa do Batismo do Senhor, o desafio não é o de encostar as botas ou calçar umas pantufas, mas é o de dar corda aos sapatos. Porque o Batismo de Jesus como o nosso é fonte de comunhão, de participação e de missão.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal.Esta deve ter sido a máxima dos Magos, ao partirem do Oriente, em busca do Salvador, guiados por uma estrela. A luz do Natal brilha em Belém, para os judeus que esperavam o Messias, mas chega muito mais longe, vai mais além, até aos confins da Terra, tornando-se Cristo, verdadeira luz dos povos. A Epifania, a festa da manifestação do Senhor aos gentios, é o Natal em grande, o Natal à escala universal. Nós que pusemos pés ao caminho, entrámos no ano novo, de sapatos novos, queremos hoje dar brilho aos sapatos, o mesmo é dizer, queremos que se acenda uma luz nos passos do nosso caminho, para que esta luz resplandeça sobre todos os que procuram o rosto do Senhor. 

Não se trata, em primeiro lugar, de uns sapatos novos, para dar mais brilho ao novo ano, mas, sobretudo, de mudar o rumo dos nossos pés, que se põem a caminho, com os pastores, juntos pelo Natal, para que se possa dizer de cada um de nós: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52,7). Irmãos e irmãs. Eis-nos vivos e saudáveis, a receber e a saudar, a comemorar e a celebrar, com jubilosa esperança, o novo ano, o ano da graça de 2022.Não deixemos de agradecer a coragem criativa e a resiliência que cresceram em nós ao longo desta pandemia, que começou em março de 2020 e atravessou todos os dias de 2021. Mudemos o que for preciso, para que 2022 seja um ano novo nas nossas vidas.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal. Eis o lema da nossa dinâmica pastoral, que nos ensina a celebrar e viver hoje, de modo sinodal, este grande acontecimento humano/divino do Natal. A quem aqui chegou hoje, porventura por caminhos diversos, é preciso dizer com toda a clareza o que é o Natal em modo sinodal. O Natal, o grande mistério do amor descendente e condescendente, pelo qual Deus Se fez Homem e Se aproximou de nós, dá-nos as coordenadas da nossa vida: se Ele veio para viver no meio de nós e caminhar connosco, é para que nós aprendamos a caminhar juntos, entre nós e com Ele. Desde o Natal do Senhor, é juntos que caminhamos, na certeza de que Ele é Deus connosco e nos faz irmãos. Este é realmente o mistério e a graça desta noite e deste dia: em Cristo, Deus e o Homem caminham, encontram-se e manifestam-se juntos pelo Natal. Nós, que pusemos pés ao caminho, juntos pelo Natal, tenhamos agora a coragem de descalçar os sapatos, aos pés do Presépio, como sinal de espanto e de maravilhamento, de humildade e de reconhecimento do rosto de Deus no pobrezinho Menino de Belém.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal. Este é o lema da nossa dinâmica pastoral, para um Natal em modo sinodal. Para esta última semana do Advento, às portas do Natal, o desafio é este: Acelera o passo! Gasta a sola dos sapatos. Deixemo-nos mover pelo exemplo de Maria: depois do seu “sim”, que dá origem à estação e à gestação do Natal,Maria percorre 120 km de Nazaré à Judeia, atravessando montanhas,ao encontro da sua prima Isabel. É um caminho de gestação e de esperança, pois leva no seu seio o Menino Deus, que Se faz Homem. É um caminho íngreme, desconhecido, mas que Ela percorre com audácia e coragem criativa, pois também nas asperezas do caminho crescem flores brancas de esperança. Com o seu exemplo, a Virgem Maria incita-nos a sairmos de casa, da nossa zona de conforto, para levarmos às periferias do nosso mundo, aos mais sós e distantes, a presença do Senhor.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal Este é o lema da nossa dinâmica pastoral, para um Natal em modo sinodal. Para esta semana, o desafio é este: “Tira a pedra no sapato. Continua o caminho”. E nós, depois de aprendermos de Maria a escuta humilde, somos desafiados por João Batista a falar com coragem, com assombro, com honestidade e liberdade. Acendamos agora a 3.ª vela da coroa do Advento, para que o testemunho de João Batista ilumine como “uma lâmpada ardente e luminosa” (Jo 5,35), que nos projeta para a Luz e nos desafia a tirar as pedras do sapato e a desimpedir o caminho para o encontro com o Senhor.

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