A fé e a oração, o anúncio e o testemunho, o envio dos discípulos em missão, caminham sempre de mãos dadas. Nestes tempos difíceis, no nosso mundo e na nossa Igreja, quando nos perguntarem sobre o que fazer, a resposta estará sempre nas nossas mãos. Deus deu-nos as duas mãos para «nelas trazermos a alma», para rezarmos, celebrarmos e realizarmos as obras da fé. Por isso rezemos, celebremos e trabalhemos com as nossas mãos. Abracemos o presente de mãos dadas e de mãos erguidas. Nesta celebração, prestemos especial atenção à linguagem santa das nossas mãos.

Reunimo-nos em Eucaristia. E o que significa esta palavra Eucaristia? Eucaristia significa dar graças, bendizer, dizer bem, agradecer. A Eucaristia é – dito de modo muito simples – o nosso grande “obrigado” a Deus, por tudo o que Ele nos dá, nos diz e faz por nós. Na verdade, nada temos de grande, de belo e de bom, desde os dons da Criação aos dons da salvação, que não tenhamos recebido de Deus. Por isso, cada Domingo, nós celebramos a Eucaristia, não tanto para oferecer algo a Deus, mas para receber d’Ele aquilo de que precisamos para O seguir verdadeiramente. A nossa gratidão, a nossa ação de graças, não acrescentam nada à grandeza de Deus, mas dilatam o nosso pobre coração para receber tudo o que o Senhor nos quer dar.  Por isso, como dizemos no Prefácio da Missa, “é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte”. Nesta Eucaristia façamos memória agradecida da Vida que Jesus entregou ao Pai por nós. E peçamos que nos cure da lepra do esquecimento e da ingratidão.

“Senhor, aumenta a nossa fé” (Lc 17,5). Eis uma bela oração dos Apóstolos. Mas, pela resposta de Jesus, talvez esta oração deva ser dita e traduzida, hoje, por nós, de uma outra forma: “Senhor, dá-nos um pouco de fé e isso nos basta”! Na verdade, Jesus responde a este pedido da «muita fé» com duas imagens modestas: a da pequenez do grão de mostarda e a da humildade do servo disponível.  Em todo o caso, o Senhor prefere a fé humilde e serviçal dos pequeninos à fé arrogante e soberba dos que se julgam donos de Deus. Que a frescura da Palavra, o Pão da Eucaristia, a e o contágio do testemunho nos ajudem a crescer na pouca fé, na fé pequenina, na fé dos mais pequeninos.

 

 

Homilia no XXVII Domingo Comum C 2022

Há duas coisas que me (nos) desconcertam, neste Evangelho!

1. A primeira é o pedido dos apóstolos, que se assumem e reconhecem como pessoas de pouca fé. Eles sabem que só pela fé poderão aprender a confiança e suportar juntos com esperança as exigências do Caminho novo e o peso da Cruz. E por isso pedem apenas isto de presente: «aumenta a nossa fé». É um surpreendente pedido, uma confissão humilde de pobreza, que nos mostra como eles são e se sentem tão pequeninos na fé. Isto contrasta obviamente com a arrogância de tantos crentes, que se apresentam hoje como pessoas de muita fé, seguras de si mesmas, convencidas das suas virtudes, inchadas de uma pia e santa vaidade pelo seu percurso religioso, dentro ou à margem da Igreja. E, como prova disso, exibem os números da sua prática religiosa, os quilómetros a pé, as velas acesas, as promessas feitas, as graças recebidas em recompensa dos seus grandes méritos. Contrariamente a esta soberba, os apóstolos sentem que a sua fé é muito pequena, que deve ainda crescer, amadurecer, frutificar, no frio, na escuridão, na incerteza, na dúvida, no sofrimento, e até na morte, como o grão de trigo lançado à terra, que tem de morrer para dar fruto. Os apóstolos ensinam-nos a sermos humildes na fé. Uma grande fé não é uma grande coisa. E esta é a primeira coisa que me desconcerta e nos devia desassossegar.

2. A segunda coisa desconcertante é a resposta de Jesus. Ele não oferece aos apóstolos a «muita fé» que estes lhe pediram. Sugere-lhes a fé pequenina, como a de um grão de mostrada, feita de confiança, não nas próprias forças, mas no poder de Deus, que torna possível o impossível. Está visto que Jesus não quer apostar as suas fichas numa fé grande, mas, pelo contrário, quer simplificá-la, torná-la do tamanho de um grão de mostarda. Talvez a fé dos apóstolos quisesse ser grande demais, feita de muitas certezas – e a fé não se dá nas certezas, mas na angústia. A fé simples não se confunde com uma fé fácil, porque não é aquele sentimento religioso da paga de um favor, mas é a adesão do coração a Deus, pelo que Ele é em Si mesmo. Muitas vezes, será necessário fazer morrer a fé presunçosa, a fé grande, para fazer ressuscitar a fé como um grão de mostarda, pequena e cheia de poder. Só na medida em que esta fé “baixar a bola”, até se tornar pequenina como a semente de um grão de mostarda, é que ela poderá dar o seu fruto e manifestar toda a sua força. Jesus parece dizer-nos então: a pouca fé dos pequeninos contém mais vida e confiança do que a grande fé dos crentes convencidos. Deus nos livre então da fé grande, vistosa, poderosa, armada. O Senhor prefere a fé pequenina, a fé dos pequeninos. Esta é a segunda coisa que nos devia desconcertar.

3. Mas, irmãos caríssimos, se há aqui alguém que queira avaliaro tamanho da sua fé, use a medida que Jesus usou: a do serviço desprendido, gratuito, humilde, que não espera outra recompensa senão a alegria do dever cumprido. Se a fé é um dom, então este presente divino, esta dádiva da fé, será tanto maior quanto cada um for capaz de abraçar o presente e responder à chamada de Deus, de maneira muito simples: «Presente, eis o servo, eis a serva do Senhor. Eis.me aqui, para o que for preciso».

4. Posto isto, se os apóstolos não me levarem a mal, eu terminaria com uma prece ao Senhor, a pedir-lhe que conserve em nós o tesouro da «pouca fé»:

 

Senhor,

se a nossa religiosidade

está sobrecarregada das nossas certezas,

leva parte dessa «grande fé» para longe de nós.

Liberta esta religiosidade

daquilo que é demasiado útil.

Livra-nos da fé de chumbo, solidificada e inchada,

da fé fácil, convencida, armada, aliada ao poder,

feita de seguranças e de certezas.

 

Dá-nos, Senhor,

a fé por Ti querida,

a fé nua, a fé humilde, pequena, quase minúscula,

a fé dessossegada dos buscadores,

a fé temperada no fogo da crise,

a fé cravada no silêncio da cruz.

 

Dá-nos, Senhor,

um pouco de fé,

uma fé tão pequena como um nada,

como a semente de mostarda,

pequena, mas cheia do Teu poder,

que faz grandes os pequeninos

e fará ainda coisas maiores.

Senhor, sustém nas Tuas mãos

a minha fé sempre pequenina

e aceita os meus inúteis serviços.

Ámen.

 

Irmãos e irmãs: “Chegou a tua hora. Abraça o presente”. Este é o nosso lema para este novo ano pastoral. Gostaria, pois, que o nosso primeiro olhar, a primeira palavra, o primeiro gesto, fossem um abraço a todos e a cada um, um abraço de todos e de cada um. Irmãos e irmãs: a mesa da Palavra e da Eucaristia que partilhamos seja experiência feliz deste encontro, em que Cristo nos acolhe e nós nos acolhemos uns aos outros em Cristo. Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, invoquemos, desde já, a infinita misericórdia do Senhor.

Para rir ou chorar, divirta-se com estes 15 testemunhos(as) sobre o Pároco da Senhora da Hora, agora que vai entrar no 15.º ano por estas bandas.

Chegou a tua hora. Abraça o presente. Neste início do ano pastoral, o Evangelho deste Domingo vem recordar-nos, através de uma parábola, a urgência desta hora, a boa pressa que é preciso ter para responder com ousadia e criatividade aos desafios deste presente. Nesta Eucaristia, acolhamos, no grande dom de Cristo, todos os dons, todos os presentes, todos os bens, que o Senhor nos quer confiar. E, para os acolhermos de braços abertos e de coração limpo, “ergamos para o Céu as nossas mãos santas, sem ira nem contenda” (cf. 2.ª leitura).

É tão bom voltarmos a casa. Porque há sempre um abraço neste regresso.Há sempre um presente em cada pessoa que encontrarmos.Regressámos e agora há festa na Casa do Pai, que preparou o banquete, para festar connosco a alegria do encontro, do reencontro. Uma alegria que só é completa quando encontrarmos também nós aquele ou aquela que nos falta e que é preciso procurar. Procurar onde?  Dentro e fora desta casa. Procurar até quando? Até encontrar.  E que fazer ao encontrar? Alegrar-se, chamar amigos e vizinhos, partilhar a Boa Nova. É este o programa das festas deste Domingo, a Festa por excelência dos cristãos reunidos, em casa e em família, à mesa da Eucaristia.

O país regressou a casa, o ano escolar está à porta e setembro é o mês de todos os recomeços, também nesta comunidade. Perante a escalada da exigência que Jesus coloca aos discípulos, nesta etapa do caminho, precisamos de medir forças e recursos, ponderar e discernir as nossas escolhas, para que nada se anteponha a Cristo. Peçamos a Deus que leve até a fim a obra que quer realizar em nós e por meio de nós. Que Deus saia vencedor de todas as nossas lutas e nos tornemos vencedores graças a Ele.

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