Nesta quinta-feira, que outrora foi também da Ascensão, reunimo-nos, com Maria e como Maria, em Cenáculo, isto é, no lugar da última Ceia, para celebrarmos juntos a memória viva da entrega do Senhor por nós. Em cada Eucaristia, perpetua-Se esta entrega do Senhor, que reuniu os seus discípulos, à volta da mesa, precisamente quando o que parecia estar à sua frente era só violência e destruição. A Sua pequena e frágil comunidade estava à beira do colapso e todos os sonhos para o futuro pareciam ter sido destruídos. Naquele momento tão sombrio, Jesus realizou este ato de esperança generosa, entregando-se aos seus amigos e a nós. Cada Eucaristia proclama a nossa esperança de que a violência, a destruição e a morte não terão a última palavra. Por isso, entre a Ressurreição e o Pentecostes, desde a primeira hora, os discípulos, que estavam traumatizados pela violência da Cruz, voltam ao mesmo lugar, sentam-se à mesa da Paz. Ali estão, com Maria, que se junta a eles, para que não se sintam órfãos, para rezar com eles e os preparar para receberem o Espírito Santo, que é precisamente o Espírito da Paz.  Nós reunimo-nos, em Eucaristia, neste tempo de guerra, neste dia, o quadragésimo, entre a Páscoa e o Pentecostes, sob o olhar atento de Maria, Nossa Senhora da Hora, para que Ela interceda por nós e nos alcance o dom da Paz.

Este é já o VI Domingo da Páscoa. À medida que a Páscoa se intensifica, o Espírito Santo une-Se à Igreja, para lhe ensinar todas as coisas e recordar tudo quanto Jesus nos disse e ensinou. No princípio, como agora, a Igreja não tem um livro de receitas para resolver cada problema, para enfrentar cada nova situação. Jesus deixou-lhe apenas o Evangelho e o Espírito Santo. E nós, à luz do Evangelho, sob a inspiração do Espírito Santo, é que havemos juntos de encontrar e fazer o caminho. Em tempo de processo sinodal, escutemos com particular atenção a experiência da Igreja primitiva, que nos é transmitida no livro dos Atos dos Apóstolos. 

Em tempo pascal e a caminho do Pentecostes, estamos reunidos, como Maria e os Apóstolos, em Cenáculo, isto é, no lugar da Ceia, para dar espaço à intimidade do amor, com que Jesus nos fala, nos serve e nos alimenta. No passado domingo, Jesus dizia-nos que as suas ovelhas escutam a sua voz e seguem-n’O. Hoje, no seu Discurso de Despedida, Jesus concretiza este seguimento: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 13,35)! Quem não reconhece como é difícil amar assim, amar sempre, amar de verdade e amar até ao fim?! De quantos erros e de quantas falhas nos damos conta, todos os dias, na vivência do amor? Quanto amor sem verdade? Quanta verdade sem amor? Todos temos afinal um défice de amor, que só o excesso de amor de Deus por nós pode superar. Confiemo-nos à Sua misericórdia.

Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a Vida por nós. Ele dá-nos vida eterna, vida que nunca mais acaba. Neste 4.º Domingo da Páscoa, tomamos consciência de sermos nós o Povo de Deus, as ovelhas do seu rebanho. E somo-lo, na medida em que escutamos a Sua voz e seguimos os Seus passos. Neste Dia Mundial das Vocações, unimo-nos em oração, pedindo ao Senhor, por intercessão de Maria, que sejamos todos capazes de responder e corresponder ao chamamento do Senhor, para dar um rosto à esperança e mãos à Paz.

Aleluia. Caíram as máscaras. Mas continua a não ser fácil, para nós, como para os discípulos, ver e reconhecer o rosto de Cristo Ressuscitado, sobretudo quando a vida não nos corre bem e os cenários negros da guerra na Ucrânia embaciam de lágrimas os nossos olhos. Para alcançar a graça da visão luminosa e do encontro com o Ressuscitado e com os outros, disponhamo-nos e exponhamo-nos, desse já, ao risco e à alegria do encontro, corpo a corpo, olhos nos olhos, coração a coração, face a face. Neste Domingo que é também o Dia da Mãe, redescobrimos, ao largar as máscaras, a importância do afeto e da ternura nas nossas relações pessoais. Até Jesus, parece imitar uma mãe, quando diz, literalmente, aos seus discípulos: ‘Filhinhos, tendes alguma coisa para comer’ (Jo 21,5). É Ele mesmo que agora acende o lume novo, nos prepara a mesa na abundância e Se dá a Si mesmo, como nosso Cordeiro, à mesa da Eucaristia! Preparemos e purifiquemos o nosso coração.

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