Liturgia e Homilia no XII Domingo Comum A 2017
Destaque

Tende temor mas não tenhais medo! A Palavra de Deus vem despertar a nossa confiança no amor e no temor do Seu santo nome."Mesmo se o nosso coração nos acusar, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas" (1 Jo3,20). 

Homilia no XII Domingo Comum A 2017

1.O fogo dos incêndios destes dias, em Pedrógão Grande e arredores, deixa-nos em estado de choque! Dentro de nós, cruzam-se sentimentos contraditórios: ora o medo assustador, perante as consequências devastadoras desta tragédia, que um dia nos pode bater à porta, ora um santo temor, perante uma Natureza poderosa, indomável, incontrolável, que nos faz compreender a nossa pequenez e a nossa impotência! Jesus vem hoje ao nosso encontro e deixa-nos uma bela palavra de sabedoria: “Tende temor, mas não tenhais medo”!E qual é a diferença?

2.O medo é uma manifestação do nosso instinto natural de conservação! É a reação a uma ameaça para a nossa vida, a resposta a um suposto ou verdadeiro perigo. O Evangelho ajuda-nos a libertarmo-nos de tais medos e dos perigos que os provocam. Porque há algo em nós que nada nem ninguém, neste mundo, nos pode tirar ou ferir: a nossa alma imortal ou o testemunho da nossa consciência.

3. Algo bem diferente do medo, que a natureza se encarrega de nos infundir, é o temor de Deus, que precisamos de cultivar (Sl 33,12). Este temor desperta da nossa consciência de quem é Deus e de como Ele é realmente grande! O temor de Deus, que é dom do Espírito Santo (Is 11,2), recorda-nos como somos pequenos diante de Deus e do Seu amor, e que o nosso bem está em abandonarmo-nos às Suas mãos, com humildade, respeito e confiança. Este temor de Deus é ainda comparável ao sentimento que se apodera de nós, diante de um espetáculo grandioso e solene da Natureza, que contemplamos com surpresa e maravilha, espanto, admiração e respeito. Com frequência, este santo temor é chamado “princípio de sabedoria”, porque nos torna humildes, diante de Deus, da Natureza e dos outros e funciona como um sinal de alarme, porque nos faz compreender que um dia tudo acaba e que deveremos prestar contas a Deus!

4.E, por isso, faz-nos tanta falta, este temor, feito de confiança no Senhor, num tempo como o nosso, de tantas ameaças à paz e à Natureza, nesta época de angústia, ferida pela banalidade do mal, pelo terrorismo e ameaçada por esta “terceira guerra mundial aos pedaços”. Vivemos esta angústia, precisamente porque diminuiu ou quase desapareceu da nossa vida o santo temor de Deus.Na verdade, quanto mais diminui o temor de Deus, mais cresce o medo dos homens, destes homens que, sem Deus, se tornam “perigosos senhores”, dispostos a sacrificar a vida dos outros, pelos seus próprios interesses! Também nós, afetados pela angústia, corremos o risco de desprezar Deus e de pôr a nossa confiança apenas nas coisas deste mundo, que “o ladrão pode roubar e a traça pode comer” (cf. Lucas 12,33). São coisas pelas quais ansiamos tanto, que, por isso mesmo, desencadeiam competição e rivalidade, são coisas que queremos defender com unhas e dentes e, às vezes, com armas na mão! Assim, a perda do temor de Deus, em vez de nos libertar dos medos, encheu-nos deles! Basta ver o que acontece na relação entre pais e filhos. Os pais abandonaram o temor de Deus e os filhos abandonaram o temor dos pais! E tudo se inquina. Basta ver o que acontece à Natureza: quando não se teme pelo juízo de Deus, já não se respeita a obra da Sua criação, e cometem-se verdadeiros crimes contra ela, que se tornam crimes contra a Humanidade.

 

5.Eis então o caminho da paz: pôr a nossa confiança no Senhor e deixar o Espírito Santo infundir em nossos corações o santo temor de Deus, que não faz de nós cristãos tímidos, mas gera em nós humildade, coragem e responsabilidade! O programa, que já se adivinha para o próximo ano pastoral, é deixarmo-nos conquistar pelo amor de Deus. Caminhemos então, na paz, cheios de confiança, apenas “movidos pelo amor de Deus” (2 Cor 5,14). E lembremo-nos de que “no perfeito amor não há medo” (1 Jo 4,18). Por isso, em tudo e sempre, queridos irmãos e irmãs: “Tende temor, mas não tenhais medo”!

 

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Homilia na Festa da Profissão de Fé - Domingo – 10h30 | Três ideias fundamentais

1. A fé vence o medo e é sobretudo um ato de confiança (cf. 1.ª leitura e Evangelho)! O Anjo da Paz diz aos Pastorinhos: “Não temais”. Maria também repete, por várias vezes, estas palavras de Jesus: “Não temais”.“Eis o essencial que temos a aprender de Francisco e de Jacinta: cada um de nós é chamado a deixar-se converter à imagem da criança que se confia plenamente ao amor com que o Pai sustém a nossa vida. A confiança total e disponível com que os Pastorinhos responderam ao convite da Senhora do Rosário – «Quereis oferecer-vos a Deus?», «Sim, queremos!» – deve ser o motor da vida de todo o cristão” (CEP, Carta Pastoral Com Francisco e Jacinta, chamados a sermos santos na caridade, n.º 10).

2. A fé exprime-se em adoração, em conhecimento e em reconhecimento de Deus, como fonte de vida e de amor.Para os Pastorinhos, “Deus não é simplesmente o arquiteto do mundo ou a chave para explicar a realidade. Deus é pessoa viva, que está próxima das suas criaturas. Os pastorinhos foram protagonistas de um encontro pessoal com Alguém, que vinha ao seu encontro. Foi assim que compreenderam quem era Deus, como os amava e queria ser amado. Esse Deus que ama e quer ser amado é a Trindade que os penetrava no mais íntimo da alma. Por isso, à Santíssima Trindade é dirigida uma das orações mais originárias e genuínas de Fátima: «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente...»” (CEP, Fátima, sinal de esperança, n.º 8). Os Pastorinhos vivem esta fé de uma forma rezada, humilde, centrada em Deus. Na 1.ª aparição do Anjo, que se ajoelhou e curvou a fronte até ao chão, eles, levados por um movimento sobrenatural, imitaram-no e repetiram as palavras que lhe ouviram pronunciar: «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos».

3. A fé dá-nos a coragem do testemunho! O próprio Jesus nos diz:“O Espírito da verdade dará testemunho de Mim e vós também dareis testemunho de Mim” (Jo 15,26b-27a). “O testemunho de fé de Francisco e de Jacinta leva o selo da resposta fiel ao amor que lhes falou ao coração. Apesar da sua tenra idade, quando são instados a negar as aparições ou a revelar o que lhes fora confiado como segredo, permanecem fiéis à verdade, assumindo o sofrimento que a opção lhes causava. O seu exemplo evidencia que se pode testemunhar a fé em Cristo em qualquer condição de vida: de criança, de adulto ou de ancião; seja-se extrovertido ou tímido; no areópago da culta Atenas do primeiro século, no lugar de Aljustrel do início do século passado, ou hoje, no mundo global” (CEP, Carta Pastoral Com Francisco e Jacinta, chamados a sermos santos na caridade , n.º 7).

Seja onde for, em que idade for, declarai-vos sempre por Jesus. Não tenhais medo de dar testemunho d’Ele em casa, na escola, nas férias, sempre com uma fé alegre e corajosa, esperançosa e ativa, cheia de boas obras, que faça de vós, como de Francisco e Jacinta Marto, “candeias que Deus acende para alumiar a humanidade” (cf. São João Paulo II, Homilia, 13.05.2000). 

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